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Rede Cáritas: solidariedade ativa em emergências climáticas no Rio Grande do Sul

Projetos

Ações permanentes da Cáritas contribuem para a dignidade e o bem-estar das famílias afetadas por inundações entre maio e junho de 2024 no RS

Publicação: 18/07/2024


As ações imediatas da Rede Cáritas Brasileira de solidariedade e de apoio às comunidades afetadas por emergências socioambientais entre maio e julho de 2024 foram essenciais para garantir a dignidade e o bem-estar das famílias atingidas. Segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 478 municípios foram duramente afetados pelas fortes chuvas que inundaram o Estado neste período, deixando mais de 2 milhões de pessoas desalojadas ou desabrigadas. 

Em várias cidades do Estado, equipamentos e alimentos foram doados para cozinhas solidárias, e outras cozinhas se formaram com apoio da Cáritas Regional RS. Móveis e eletrodomésticos também foram disponibilizados por integrantes da rede Cáritas. 


Voluntários da Cáritas descarregam doações de suprimentos essenciais para famílias afetadas pelas inundações no Rio Grande do Sul.

Agentes Cáritas de diferentes localidades se uniram para ajudar a evacuar residências e a limpar as que sobreviveram às enxurradas. Outros se deslocaram para auxiliar na distribuição dos itens doados. Além disso, as arqui/dioceses de todo país se mobilizaram num mutirão de carinho e força, com doações de roupas, água, cobertores, entre outros itens que fizeram a diferença para famílias que perderam casas, trabalho, e até parentes e amizades por causa das inundações. 

Agentes  Cáritas entregam doações a famílias afetadas pelas inundações no Rio Grande do Sul.

Durante as ações, a rede Cáritas segue priorizando a escuta solidária, o abraço confortador e a renovação da esperança por meio de campanhas e atividades específicas.  

Entre as cidades mais atingidas estão São Leopoldo e Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde a Cáritas concentrou ações prioritárias de apoio financeiro, distribuição de água e outros auxílios.

“Neste momento, foi essencial fazer parte da Cáritas e poder atuar com a rede. Não imagino enfrentar a mesma situação sem a presença e pertença a uma missão de vida e de fé como a Cáritas”, disse Jacira Teresinha Dias Ruiz, secretária regional da Cáritas RS. Ela própria, moradora de Canoas, teve que sair de barco de sua casa, que estava coberta pelas águas, levando apenas a roupa do corpo. Ilhada em Canoas, foi dali que seguiu trabalhando pelo bem-estar de outras pessoas. 

Cerca de 60% de Canoas ficou debaixo d’água, o equivalente a dois terços do município, atingindo mais de 150 mil pessoas. Os bairros Fátima, Mathias Velho, Niterói, Rio Branco, Mato Grande, Harmonia e São Luís ficaram submersos, cobertos pela água de arroios e dos rios dos Sinos, Gravataí e Jacuí, arrastando o que encontrava pelos caminhos, principalmente muita lama e óleo. Somente no campus Canoas, da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), foram acolhidas 7,8 mil pessoas. Pelo menos duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e o Pronto Socorro ficaram alagados. Casas, empresas, fábricas, escolas…tudo foi destruído pela força das águas. 

Em São Leopoldo, o volume recorde de chuvas ultrapassou a altura dos diques pela primeira vez desde a construção do sistema em 1982. Mais de 180 mil pessoas foram afetadas, sendo que pelo menos 100 mil ficaram desabrigadas. Uma das prioridades de ação da Cáritas foram segmentos populacionais das ocupações Steigleder, Esperança e Mauá, especialmente famílias abrigadas e desabrigadas, pessoas com deficiências, migrantes, catadores e famílias com crianças. A Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo, que serviu inicialmente de abrigo a famílias atingidas pelas enchentes, num segundo momento também ficou alagada, tendo que transferir famílias para abrigos próximos. A reconstrução da paróquia onde eram atendidas as pessoas que necessitavam de auxílio só foi possível com a ajuda da comunidade depois que as águas baixaram. 

Nas duas cidades, assim como em outras regiões do Estado, o abastecimento de água foi prejudicado, e era preciso disponibilizar o mais rápido possível água limpa e potável para atender à população. 

Nesse contexto, é importante destacar a atuação da Cáritas nas áreas de Meio Ambiente, Gestão e Riscos (Magre), através da qual desenvolve respostas integrais em ações no Brasil e na América Latina. Entre as diversas ferramentas e abordagens humanitárias utilizadas pelo Magre para ampliar e dignificar as pessoas afetadas estão os cartões multipropósitos. Os repasses de recursos são realizados diretamente para os cartões, que podem ser utilizados em qualquer estabelecimento comercial, possibilitando às famílias autonomia para a compra de alimentos, utensílios domésticos, materiais de higiene pessoal e higienização de suas casas.

Em parceria com o Fundo START Network e apoio da Agência Católica para o Desenvolvimento Ultramarino (CAFOD), a Cáritas entregou 381 cartões multipropósito para as famílias de Canoas e São Leopoldo, e forneceu água potável para 5.000 pessoas destes municípios em um período de 45 dias. Além disso, a rede Cáritas Brasileira, em parceria com Catholic Relief Services (CRS) e USAID BHA (Bureau for Humanitarian Assistance), dos Estados Unidos, prestou auxílio monetário via transferência bancária e através de mais 150 cartões multipropósitos. 


Agente da Cáritas orienta famílias, oferecendo apoio e informações essenciais das ações.

Lucas D’Ávila, assessor nacional da Cáritas Brasileira, enfatiza a importância da continuidade do apoio. “A Cáritas pelo mundo detém o mandato da Igreja Católica e, nessa perspectiva caritativa de abraço aos mais marginalizados e excluídos, responde de maneira integral às emergências. Não apenas responde e vai embora: está nos territórios antes da emergência, enquanto igreja, e permanece pós-emergência, em um abraço e resposta integral às pessoas atingidas”, afirma. “Essa resposta organizada da solidariedade, chamada Magre, não é apenas uma resposta pontual, mas um ciclo de ações que abrem portas para trabalhar futuramente com prevenção, formação das comunidades, fortalecimento comunitário, entre outras iniciativas”, completa.

Agentes Cáritas distribuem água potável para famílias afetadas pelas inundações no Rio Grande do Sul, garantindo acesso a recursos essenciais durante a emergência.

Passados dois meses da situação mais crítica, a Cáritas Regional RS segue ativa na Campanha “Missão Sementes de Solidariedade”, junto com outras entidades e movimentos sociais, no atendimento às populações de agricultores e agricultoras familiares do Vale do Taquari e Rio Pardo que já haviam perdido casas e plantações com as chuvas de 2023 e voltaram a perder tudo agora, em maio.

Para garantir a continuidade das ações, a Cáritas permanece nos territórios, reconhecendo-se como a presença da igreja nessas regiões. A organização busca continuamente novos apoios com parcerias para manter as ações nas comunidades atingidas.

As perspectivas de continuidade incluem a recuperação de casas, a formação das comunidades e, a médio prazo, iniciativas que abordem as primeiras etapas do sistema de gestão de riscos, como prevenção, mitigação e preparação das comunidades. Esses caminhos, construídos com diversas parcerias, formarão a estratégia no Rio Grande do Sul, não apenas nos próximos meses, mas também nos próximos anos.

Acompanhe o levantamento das ações humanitárias da Cáritas. Saiba mais.



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