Unindo lideranças comunitárias e agentes Cáritas e de pastorais da Igreja do Brasil, Colômbia e Peru, o Encontro Internacional do projeto Amazônia Bem Viver: Comunidades Resilientes ocorreu entre os dias 17 e 21 de fevereiro em Bogotá e Puerto Leguízamo, Colômbia. O evento teve como objetivo principal o fortalecimento das redes de resistência e a troca de experiências sobre defesa territorial e cuidado com a biodiversidade.
A programação contou com discussões sobre casos emblemáticos do programa, aprimoramento de conhecimentos sobre sistemas internacionais de direitos humanos e intercâmbio de boas práticas. O encontro reuniu representantes do projeto dos três países e contou com a presença de Larissa Vieira, assessora nacional da Cáritas Brasileira, Isadora Menezes, assessora técnica regional, e das ribeirinhas Rosa Tavares, de Catolé (AM), e Jordana Oliveira, de Foz do Tapauá (AM), que também atua como articuladora local do projeto. Também participou Markus Breuss, assessor da Cáritas Alemanha no Brasil.
"Foi uma experiência muito boa, porque pude conhecer melhor a realidade de outras comunidades. O que mais me marcou foi como elas usam seus planos de vida para defender seus territórios. Isso me fez pensar na importância de iniciar esse processo na minha comunidade, para fortalecer nossa união e proteger nosso território e cultura”, avaliou Dona Rosa Tavares, ribeirinha de Catolé.
Dona Rosa Tavares, ribeirinha de Catolé (AM), ensina aos demais participantes receitas para curar a gripe e pneumonia
Imersão na Amazônia Colombiana
Entre os dias 19 e 21 de fevereiro, a Comunidade Indígena de Puerto Refugio, município de Leguízamo, estado de Putumayo, recebeu delegações dos três países, Brasil, Colômbia e Peru, para um intercâmbio de experiências sobre governança, etnoeducação e cuidado com a biodiversidade. Durante o evento, foi apresentada a trajetória da comunidade na defesa do meio ambiente e das práticas tradicionais de sustentabilidade e conservação.
A programação contou com momentos de recepção e integração, incluindo harmonização tradicional e narrativas ancestrais do povo Murui. Os participantes realizaram um passeio pela comunidade, guiados por autoridades locais, para conhecer locais históricos e ouvir os anciãos compartilharem histórias e memórias sobre a ocupação e a organização comunitária. Também ocorreram espaços de diálogo sobre processos culturais e sustentabilidade, trocas de experiências entre comunidades e a partilha de sementes, promovendo o intercâmbio de saberes agroecológicos. Além disso, foram realizadas demonstrações de gastronomia tradicional e encontros técnicos para fortalecimento das redes de trabalho.
"O encontro internacional foi uma experiência incrível, pois conheci a realidade de outros países e percebi muitas semelhanças com a nossa. Foi gratificante compartilhar nossa história, especialmente sobre o Acordo de Pesca e sua trajetória até o reconhecimento pelo Estado. Também achei interessante a troca de idiomas, cada um tentando entender o outro. O que mais levo desse encontro são os planos de vida, e espero ajudar a iniciar esse processo nas comunidades para fortalecer seus direitos como comunidades tradicionais”, disse a jovem ribeirinha Jordana Oliveira, de Foz do Tapauá (AM).
Maurício Rey, diretor da Cáritas na Colômbia, destacou a importância do evento para o fortalecimento das lutas territoriais e da identidade amazônica. "Este encontro de comunidades, especialmente ancestrais e territoriais, é uma oportunidade para repensar a forma como estamos intervindo na saúde do nosso ambiente, enxergando a Casa Comum como um espaço de troca de experiências e partilha de sabedoria", pontuou.
O diretor também ressaltou o caráter colaborativo do evento. "Aqui no Vicariato Apostólico, especialmente em Puerto Leguízamo, estamos compartilhando experiências, a oportunidade de nos encontrarmos e crescermos juntos para o cuidado da nossa Amazônia, para o cuidado da nossa Casa Comum", concluiu.
Compromisso com a Proteção da Amazônia
A Cáritas Brasileira tem uma trajetória de atuação junto aos povos e comunidades tradicionais, reconhecendo suas potências e reafirmando o compromisso com o Bem Viver. Em parceria com a Cáritas Colômbia, Cáritas Peru, CEAS e Cáritas Alemanha, o projeto Amazônia Bem Viver apoia comunidades indígenas e tradicionais na proteção de seus territórios, no enfrentamento às mudanças climáticas e na conservação da biodiversidade.
No Brasil, o projeto é realizado pela Cáritas Brasileira em colaboração com a Cáritas Alemanha e conta com financiamento do Ministério Federal de Cooperação e Desenvolvimento Econômico do Governo Alemão.