Representantes da Cáritas Brasileira estão na França participando de uma série de atividades internacionais ligadas ao estudo “Clima e Pobreza”, promovido pelo Secours Catholique – Caritas France, em parceria com diversas organizações da rede Cáritas em diferentes países. A agenda ocorre entre os dias 19 e 27 de junho e reúne experiências locais, diálogos com autoridades e oficinas de análise e incidência política.
A programação começou em 19 de junho, com uma visita às hortas comunitárias de Jamagne, no Departamento de Vosges, leste da França. O espaço agroecológico é uma experiência local de solidariedade e adaptação às mudanças climáticas. Representando a Cáritas Brasileira, participam da agenda a assessora nacional Giovanna Kanas e a agente da Cáritas Brasileira Articulação Norte 1 Márcia Miranda. Elas se reuniram com agricultores e voluntários do projeto, acompanhadas de Walter Prysthon, do Secours Catholique nacional.
O estudo está sendo conduzido em países como Brasil, França, Tunísia, Guiana Francesa e Madagascar, e busca entender como as mudanças climáticas afetam populações em situação de vulnerabilidade. No caso do Brasil, está sendo abordada a realidade amazônica, com dados coletados em comunidades de Itacoatiara e Manaus.
“Foi muito interessante poder conhecer as diferentes estratégias de defesa dos territórios, soluções baseadas na comunidade, na natureza e nos saberes locais, e que, apesar das especificidades de cada contexto, de cada território, há elementos que nos conectam e reforçam a necessidade de uma incidência conjunta baseada na justiça climática e na defesa dos direitos das populações”, conta Giovanna Kanas.
No dia 23 de junho, a delegação participou de uma reunião com a Delegação para as Coletividades Territoriais e a Sociedade Civil do Ministério de Relações Exteriores da França (DGM/DCT-CIV). Na ocasião, foram apresentados os principais temas de incidência que vêm sendo trabalhados pela Cáritas Brasileira rumo à Conferência do Clima da ONU, que será realizada em novembro, em Belém (PA).
Oficina de incidência internacional
A principal atividade da viagem aconteceu entre os dias 23 e 27 de junho: a Oficina de Incidência Clima e Pobreza, que reuniu representantes de todos os países envolvidos no estudo para a análise coletiva dos dados, intercâmbio de experiências e construção conjunta de mensagens de advocacy. A ideia é elaborar posicionamentos comuns que possam influenciar o debate público e as decisões políticas na COP 30.
“Estamos aqui para identificar os pontos em comum entre diferentes contextos e compreender as especificidades de cada território. Nosso objetivo é construir mensagens de incidência que evidenciem como as mudanças climáticas intensificam a pobreza, impactando sobretudo as comunidades mais vulneráveis e agravando as desigualdades”, destaca Giovanna.
Ela acrescenta: “A oficina foi um momento valioso de leitura coletiva das realidades presentes no estudo. Ficou nítido como os impactos climáticos já agravam as condições de pobreza e como é urgente avançar em medidas de adaptação”.
Participação da Amazônia na COP 30
Com a realização da COP 30 prevista para novembro deste ano, em Belém (PA), a presença e o protagonismo da sociedade civil amazônica ganham ainda mais relevância no cenário internacional. Nesse contexto, o estudo Clima e Pobreza integra o projeto Participação de Povos e Comunidades Tradicionais Amazônicos nas Discussões Mundiais sobre a Emergência Climática, conduzido pela Cáritas Brasileira, com o financiamento da Cáritas França (Secours Catholique – Caritas France), em parceria com a Prelazia de Itacoatiara e a Cáritas Arquidiocesana de Manaus, que atuam junto às comunidades locais.
A iniciativa tem como objetivo fortalecer a atuação política das populações tradicionais da Amazônia nos processos de negociação climática, promovendo sua autonomia, capacidade de incidência e articulação com o poder público.
A presença da delegação brasileira na França reafirma o compromisso da Cáritas com uma abordagem global, solidária e integrada da crise climática, que valoriza a justiça socioambiental e coloca no centro do debate as populações mais afetadas pelos impactos das mudanças no clima.