COLABORE

Mobilização e sensibilização rumo à COP-30

Áreas de Atuação

Projeto da Cáritas fortalece a participação de povos e comunidades tradicionais amazônicos nas discussões globais sobre emergência climática

Publicação: 12/06/2025


Com a realização da COP-30 prevista para acontecer na Amazônia brasileira, em novembro deste ano, a sociedade civil local é chamada a se mobilizar e a exercer influência para que o evento deixe um legado concreto, especialmente para os povos e comunidades tradicionais da região. Nesse contexto, o projeto Participação de Povos e Comunidades Tradicionais Amazônicos nas Discussões Mundiais sobre a Emergência Climática busca fortalecer a capacidade de liderança dessas populações nos processos de negociação climática, promovendo sua autonomia e articulação para o diálogo com o Estado e a reapropriação de políticas públicas.


A iniciativa é conduzida pela Cáritas Brasileira, com apoio da Cáritas França (Secours Catholique – Caritas France), e tem como um dos objetivos a realização do estudo “Clima e Pobreza”, além da promoção do diálogo e da troca de experiências entre comunidades e atores envolvidos. O projeto também marca presença em Belém para a Cúpula dos Povos e a COP-30.



Em maio e junho, foram realizadas visitas a comunidades tradicionais do estado do Amazonas, como a Comunidade São João do Araçá, no Rio Arari, em Itacoatiara, composta por população ribeirinha, além da Comunidade Indígena Aldeia Gavião (Tawa Hywi) e a Comunidade Indígena Baré, próximas a Manaus.


"Foram dias muito ricos de escuta. Nas rodas de conversa e entrevistas, moradores e lideranças compartilharam como as mudanças climáticas têm afetado suas vidas – principalmente por meio de secas extremas e cheias intensas. Além de relatar os impactos, trouxeram propostas concretas de adaptação e fortalecimento de seus territórios. Todo esse material será fundamental para a estratégia de incidência que estamos preparando para a COP-30. A expectativa é que representantes dessas comunidades possam estar presentes tanto na conferência quanto na Cúpula dos Povos, levando suas demandas e vozes”, afirma Giovanna Kanas, assessora nacional da Cáritas Brasileira.



O depoimento de Ena de Oliveira, agente de saúde da Comunidade São João do Araçá, em Itacoatiara (AM), revela a gravidade da situação enfrentada por sua comunidade:


“A natureza está pedindo socorro, e a gente também. A gente quer que parem de desmatar, de poluir. O que está nos matando não é culpa dos ribeirinhos, é da ganância. Meu desejo é que todos na comunidade possam viver com saúde e qualidade de vida, com comida saudável, como era antes. Mas hoje, o clima mudou tanto que não conseguimos mais produzir como antes. Perdemos nossas sementes. O que plantamos não cresce mais como crescia. Agora, temos que comprar sementes, e a comida que produzimos já não é mais a mesma. Isso vai nos matando aos poucos.”


A ação tem o apoio da Cáritas Prelazia de Itacoatiara e da Cáritas Arquidiocesana de Manaus, que atuam junto às comunidades locais e contribuíram para a identificação dos territórios visitados. Durante a missão no Amazonas, as assessoras da Cáritas Brasileira Giovanna Kanas e Márcia Miranda também se reuniram com representantes dessas entidades, que são consideradas informantes-chave graças à sua atuação direta em contextos de emergência climática.



Tag