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Desafios dos migrantes e refugiados no contexto da pandemia do novo coronavírus no Brasil

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O fechamento de fronteias e a necessidade de isolamento social atingem especialmente migrantes que sobrevivem do trabalho informal

Publicação: 17/11/2020


Por Liege Costa 


A pandemia do novo coronavírus gerou situações de marginalização e abandono em todo o mundo. A insegurança sanitária e o medo do desconhecido trouxeram à tona situações antes escondidas pela sociedade, deixando a população mais necessitada vulnerável à contaminação do vírus.  

A falta de moradia e de recursos financeiros agravam ainda mais essa situação, uma vez que a maioria dos migrantes e refugiados que chegam ao Brasil, acabam indo parar nas ruas, onde é difícil manter as condições de limpeza e higienização.

Segundo Edilaine de Oliveira, articuladora da Cáritas em Porto Velho (RO), as políticas de combate à crise sanitária limitaram os cursos de mobilidade humana e a imunização dessas populações. “As políticas têm afetado os fluxos migratórios no quesito fechamento das fronteiras, e a questão do isolamento social afeta o orçamento doméstico de muitos migrantes, principalmente, aqueles que trabalham por meio informal”, declarou.

Muitos venezuelanos, por exemplo, estão na esperança de abertura da fronteira para ingressar ao Brasil, na expectativa de rever familiares que estão no país, mas não puderam se deslocar por conta das restrições impostas pela pandemia. Ester Tédio Ferrer, que atua na Cáritas diocesana de Roraima, destacou que muitos venezuelanos tentaram passar de maneira irregular para rever familiares, e ficaram ainda mais vulneráveis à Covid-19.

Para tentar amenizar a situação muitas instituições humanitárias internacionais, o governo e a Igreja Católica se organizaram para dar apoio e acolhimento aos migrantes e refugiados. “O Brasil tem apoiado essas populações em vários níveis, tanto por parte do Governo com a operação Acolhida, quanto por parte de organizações humanitárias internacionais, como Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Alto Comissário da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Também organizações da sociedade civil nacionais e internacionais, algumas igrejas e diferentes instituições católica. Cada uma trabalha para  regularizar a documentação, abrigar, apoiar com iniciativas de emprego renda, dar assistência e informações em situação de vulnerabilidade, como doença”, destacou Ester.

O médico Venezuelano, Marcos Corrêa, trabalhava no Hospital de Campanha montado em Roraima, quando apresentou sintomas do novo coronavírus. Ele procurou a Pastoral do migrante para pedir ajuda com as medicações. “Eu mandei mensagem para Ilma Evadista que é vice-presidente da Pastoral do Migrante, comentei o que aconteceu, e que precisava de ajuda com os medicamentos que o médico passou. Ela conseguiu medicamento pela pastoral, e um equipamento de nebulização, e eu estou muito agradecido por toda essa ajuda que ela deu para mim, através da Pastoral”, ressaltou.

Além do suporte que vem sendo dado aos migrantes e refugiados por instituições e Igrejas, é preciso destacar a existência do Sistema Único de Saúde (SUS) que fez uma grande diferença neste contexto de pandemia, atendendo não apenas os brasileiros, mas migrantes e refugiados.

No entanto, é necessário ressaltar que os casos de pessoas contaminadas pelo coronavírus são subnotificados no país, e não se sabe ao certo o número de pessoas que contraíram a Covid-19. Algumas subnotificações acontecem por conta do idioma que dificulta a busca por serviços de saúde, e pelo medo que migrantes e refugiados têm de sofrerem xenofobia, e não receberem o atendimento adequado quando buscam atendimento médico nos estados e municípios em que se encontram.


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