COLABORE

Violações de direitos e racismo ambiental são temas da visita da ONU, na Bahia

Áreas de Atuação

Os relatos poderão fazer parte de relatório apresentado no Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2025

Publicação: 12/08/2024



A Relatora Especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata, Ashwini K.P., realizou uma visita na Comunidade Quilombola Alto do Tororó, região metropolitana de Salvador (BA), para fazer uma escuta das violações de direitos que ocorrem no local. O encontro aconteceu na última quinta-feira (8) e a agenda da Relatora seguirá para outras regiões do Brasil. 




Em sua essência, o Quilombo Alto do Tororó, que já tem ao menos 300 anos de história, é uma comunidade tradicional pesqueira e marisqueira, mas nos últimos anos o seu modo de vida e sobrevivência têm sido prejudicados por grandes empreendimentos que se instalaram na região sem seu consentimento prévio e despejam resíduos no mar, poluindo a Baía de Aratu. Para os moradores da comunidade, isso faz com que a qualidade dos pescados e mariscos caiam muito e até mesmo cause a extinção de algumas espécies. Além disso, em alguns pontos da Baía os pescadores e as marisqueiras são proibidos de pescar. 


“As construções que foram realizadas para servir às empresas privadas prejudicaram a nossa infraestrutura e ajudam a poluir ainda mais a Baía, uma vez que os dejetos que caem na estrada vão diretamente para nosso mangue”, alerta Fátima Lima,  liderança quilombola e presidente na Associação de Mulheres Akomabu do Alto do Tororó. Outros moradores ainda relatam que foram obrigados a se tornar um quilombo urbano, já que perderam suas terras de produção agrícola que anteriormente existiam e nas quais produziam seus alimentos. “Estamos vivendo uma situação terrível de racismo ambiental e estrutural. Nós vivíamos bem, pescando e mariscando, e hoje estamos lutando para sobreviver”, completa Lima.




Segundo informações da ONU, após as escutas que ocorrerão em Brasília, Salvador, São Luís, São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro, a Relatora avaliará o progresso e desafios para alcançar a igualdade racial e eliminar a discrimniação racial, incluindo o racismo estrutural. Um relatório será apresentado com recomendações ao Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU em junho de 2025. (Fonte: Site da ONU). 


A visita foi realizada através da incidência política da Cáritas Brasileira - Regional NE3, pelo projeto “Programa Global das Comunidades da Nossa América Latina” que visa fortalecer as comunidades tradicionais que acompanham na busca pela garantia de direitos.  Em Junho deste ano a comunidade já havia recebido um representante da ONU Direitos Humanos para a América do Sul, leia a matéria completa aqui. Também estiveram presentes representantes da Defensoria Pública da União (DPU) da Bahia e Cirandas. 




Texto: Aline Gallo

Fotos: Aline Gallo e Alan Lustosa

ASCOM Cáritas Regional Cáritas NE3

Contato: 71 996469775


Tag