Encontro com com a comunidade local. Fortalecer comunidades é cuidar da vida e da Casa Comum.
Entre os dias 16 e 20 de junho, a Rede Cáritas esteve presente em cinco comunidades do sul do Amazonas, Foz do Tapauá, Jitimati, Catolé, Belo Monte e Canutama, para fortalecer estratégias locais de enfrentamento às mudanças climáticas. A missão faz parte do Projeto START – CAFOD, realizado com financiamento da START Network e apoio da CAFOD (Agência Católica para o Desenvolvimento Internacional). A ação envolveu também a consultoria geológica do Sistema de Comunicação de Emergência (CEM) e o acompanhamento da Cáritas Brasileira e Cáritas Cuxiuara.
Durante o percurso, foram realizadas escutas comunitárias, oficinas participativas e mapeamentos técnicos voltados à identificação de riscos ambientais como estiagens, enchentes e erosões. As ações se propõem a caminhar ao lado das comunidades, reconhecendo seus saberes, fortalecendo sua organização e propondo ferramentas acessíveis para enfrentar, com autonomia, os efeitos cada vez mais intensos da crise climática.
“Para mim, as ações da Cáritas significam muito mais do que um projeto. Significam vida, porque fortalecem as comunidades e povos tradicionais, ajudam na proteção da criança e do adolescente e impactam o meio ambiente, restaurando florestas e espécies. Esse projeto emergencial vai ajudar a gente a se preparar antes da seca ou da cheia, como Noé se preparou para o dilúvio. Isso traz esperança, segurança e qualidade de vida para nossa comunidade”, contou Fábio Menezes, morador de Foz do Tapauá e voluntário da Cáritas Cuxiuara, comunidade localizada no sul do Amazonas, no encontro do rio Purus com o rio Tapauá.
Oficinas participativas com jovens e mulheres ribeirinhas.
Na comunidade de Foz do Tapauá, ponto inicial da missão, o encontro com a Associação do Acordo de Pesca, o grupo de mulheres e crianças do Projeto Gabriela resultou na criação de um Grupo de Trabalho Comunitário para Gestão de Riscos. Em Belo Monte, mesmo com uma estrutura básica que inclui escola, posto de saúde e água potável, às margens do rio seguem vulneráveis a deslizamentos e alagamentos. O projeto apontou a possibilidade de instalar sensores simples e de baixo custo para ampliar a capacidade de resposta da população, utilizando as tecnologias sociais existentes, como o sistema de som da paróquia existente. Já em Canutama, última parada do percurso, o protagonismo das lideranças e o diálogo com a Defesa Civil e a Secretaria de Meio Ambiente abriram caminho para que o município se torne polo de replicação das metodologias testadas, ampliando o alcance das soluções propostas para outras comunidades do território.
Até julho de 2025, o projeto prevê a entrega de três produtos principais: uma análise situacional com mapeamento das ferramentas existentes, um documento com recomendações de tecnologias apropriadas e um relatório final com sistematização dos aprendizados e propostas concretas de fortalecimento da resiliência comunitária.
“Essa ação reforça a missão da Cáritas porque nos aproxima das realidades locais, como em Foz do Tapauá, e nos possibilita trabalhar junto às comunidades amazônicas temas tão importantes como a gestão de riscos e a justiça ambiental”, destaca Taynara Dettmann, assessora nacional da Cáritas Brasileira.
Com mais de seis décadas de atuação no Brasil, a Rede Cáritas reafirma, com essa iniciativa, seu compromisso com o desenvolvimento humano, social e ambiental em diálogo com os povos da floresta. Em tempos de crise climática, estar ao lado das comunidades ribeirinhas é um ato de cuidado com a vida e com o planeta.