Na sexta-feira (7), em Salvador, a Cáritas Brasileira e a Cáritas Regional Nordeste 3 se reuniram com a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (SUDEC), na sede do órgão, para discutir estratégias de prevenção e resposta a desastres em comunidades vulneráveis do estado.
Durante o encontro, foram apresentadas experiências de boas práticas implementadas nas comunidades de Nova Cajazeiras, no município de Dário Meira, e Vila Cachoeira, em Ilhéus. Entre as iniciativas destacadas, está a criação do Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC), que fortalece a organização local e prepara os moradores para lidar com situações de emergência.
Reunião entre a Cáritas Brasileira e a Defesa Civil da Bahia para fortalecer ações de prevenção e resposta a desastres.
Outro ponto central da reunião foi a entrega do Plano de Contingência elaborado pela comunidade de Vila Cachoeira. O documento foi desenvolvido coletivamente como parte das ações do projeto CUIDAR – Comunidades Unidas pela Prevenção de Desastres, e servirá como referência para a Defesa Civil na definição de protocolos de resposta a desastres.
Joice Santana, da Coordenação Colegiada da Cáritas Nordeste 3, destaca que, “A entrega do Plano de Contingência feito pela comunidade e a partilha que Messias apresentou do CUIDAR fez a equipe da Superintendência da Defesa Civil destacar e parabenizar o trabalho da Cáritas como algo inovador.”
Além da entrega do documento, a reunião reforça a importância do envolvimento das mulheres e das crianças nas ações pós-emergência, por meio da Comissão de Mulheres e da parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Oficina comunitária do projeto CUIDAR prepara moradores da comunidade de Vila Cachoeira, em Ilhéus.
O articulador local da Cáritas Brasileira, Messias Tavares aponta a importância da participação comunitária no projeto, enfatizando que “Como foi importante o voluntariado local da comunidade e o engajamento dos moradores para que o projeto chegasse ao objetivo. Sem a participação coletiva, as construções, a Cáritas e parceiros, o projeto não seria tão sólido, importante e essencial. Os moradores locais abraçaram o projeto e nos fizeram refletir, como agentes locais, que é possível construir locais mais resilientes e participativos com a presença e participação comunitária.”
Já Márcio Lima, assessor nacional da Cáritas Brasileira, ressalta a mudança na abordagem da instituição ao longo dos anos, “A Cáritas agia somente nos casos de emergência, mas, com o decorrer dos anos, sentiu a necessidade de fortalecer as comunidades e mitigar os acontecimentos locais, agindo antes de ocorrer os desastres, instruindo as comunidades e realizando incidências locais com órgãos públicos para melhorias locais, exemplo é o projeto CUIDAR, como forma de multiplicação”, destaca.

Mulheres da comunidade de Dário Meira e Ilhéus protagonizam diálogos sobre resiliência e participação comunitária com a Rede Cáritas.
Desafios e expansão da metodologia para outras regiões
Os participantes também discutiram a necessidade de ampliar iniciativas como o projeto CUIDAR para outras regiões do estado, especialmente aquelas historicamente mais vulneráveis a eventos climáticos extremos.
O fortalecimento das políticas públicas de Redução de Risco de Desastres (RRD) foi apontado como um dos principais desafios, exigindo maior envolvimento das autoridades locais e estaduais na criação de planos de contingência eficazes. A experiência de Ilhéus e Dário Meira mostra que a organização comunitária desempenha um papel essencial na redução dos impactos dos desastres, tornando as comunidades mais preparadas para enfrentar situações de risco. Além disso, a adoção de metodologias participativas, como as utilizadas no NUPDEC, pode servir como modelo para outras cidades que buscam estruturar ações preventivas e fortalecer a resiliência das populações em situação de risco.
Comitê Comunitário NUPDEC de Vila Cachoeira fortalece a organização local para a gestão de riscos.
As ações do projeto CUIDAR contam com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e da Catholic Relief Services (CRS). A iniciativa integra a estratégia da Cáritas Brasileira na área de Meio Ambiente, Gestão de Riscos e Emergências (MAGRE), que busca não apenas responder a desastres, mas também atuar na prevenção e no fortalecimento da resiliência das comunidades.