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Mobilização da 6ª Semana Social Brasileira (SSB) terá início em abril durante a Assembleia da CNBB

Igreja

Com tema Mutirão pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho, a SSB pretende mobilizar a sociedade pelo fortalecimento da democracia

Publicação: 14/02/2020



Grupo de preparação se reuniu pela segunda vez para detalhar a metodologia e as estratégias do processo de organização e mobilização da 6ª Semana Social Brasileira


Com informações da CNBB

O processo de mobilização para a 6ª Semana Social Brasileira terá início na 58ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em abril de 2020, quando haverá o lançamento da iniciativa que se realiza desde 1991. O tema desta edição será Mutirão pela Vida – por Terra, Teto e Trabalho. A mobilização segue até julho de 2022, com a etapa nacional.

O objetivo da 6ª semana, aprovada na 57ª Assembleia Geral do episcopado brasileiro, é mobilizar a sociedade tendo em vista o fortalecimento da democracia. Outro objetivo é também fortalecer a ação das Pastorais Sociais da Igreja na defesa da população e dos grupos que se encontram em situação de maior vulnerabilidade.

Como parte da estratégia de mobilização, será realizado um Seminário Nacional de Mobilização da 6ª Semana, de 3 a 5 de julho de 2020, em Brasília-DF, com representantes dos regionais, igrejas, entidades e movimentos parceiros. A 6ª Semana Social Brasileira terá como eixos: defesa da soberania e da democracia e promoverá um debate sobre o sistema econômico do país.

Ontem, dia 13 de fevereiro, o grupo de preparação se reuniu pela segunda vez para detalhar a metodologia e as estratégias do processo de organização e mobilização da 6ª Semana Social Brasileira, o que incluirá um texto base e guia metodológico. O grupo de preparação pede que, desde já, as dioceses, comunidades e organizações, reservem em as datas em suas agendas. A proposta será apresentado ao episcopado brasileiro em sua 58ª Assembleia Geral, que acontece de 22 a 30 de abril, em Aparecida (SP).

A 6ª Semana Social Brasileira tem como parceiros em sua realização as Pastorais Sociais e a Comissão para a Ação Sociotransformadora da CNBB, a Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil, movimentos sociais, como o Movimento de Atingidos pela Mineração (MAM), o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Movimento Nacional Fé e Política e o Conselho Nacional de Igrejas (Conic).

Assista ao vídeo com o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Social Transformadora da CNBB, e bispo da Diocese de Brejo (MA), dom José Valdeci dos Santos Mendes, convidando as dioceses e organizações para se somarem a este mutirão.


 


Contexto e história - As Semanas Sociais são parte da ação evangelizadora da Igreja em muitos países como França e Itália. As semanas sociais sempre articulam as forças populares e intelectuais para debater questões sócio-políticas relevantes e traçar perspectivas para o seu país, baseadas na Doutrina Social da Igreja.

A década de 1990 foi marcada pela realização das Semanas Sociais Brasileiras (SSB), resultado de um rico processo de mobilização popular das décadas de 1970-1980, onde nasceram e se fortaleceram as pastorais sociais, que juntamente com numerosos movimentos e organizações sociais iniciaram o debate para construir o Projeto Popular para o Brasil.

Através das Semanas Sociais Brasileiras, cinco preocupações sempre estiveram presentes em seu contexto, história, motivações e resultados:

a) um diagnóstico da realidade sócio-política e econômica do país;

b) uma mobilização ampla de todas as forças vivas da sociedade (eclesiais e não eclesiais);

c) tomada de posição com relação a alguns compromissos concretos em âmbito global;

d) protagonismo real e efetivo dos leigos; 

e) o caráter propositivo dos debates.


Memória temática


1ª Semana Social Brasileira - 03 a 08 de novembro 1991

Tema: Mundo do trabalho, desafios e perspectivas

Tratava-se, entre outras coisas, de confrontar as inovações tecnológicas emergentes com as relações que elas implicavam no mundo do trabalho. O que significava colocar em pauta o desemprego e subemprego, formas de trabalho escravo, infantil, temporário e degradante.


2ª Semana Social Brasileira - 24 a 29 de julho de 1994

Tema: Brasil, alternativas e protagonistas

O debate principal girava em torno do lema “O Brasil que a gente quer, o Brasil que nós queremos”. Tratava-se de buscar alternativas ao modelo econômico neoliberal, imposto através das privatizações e do sistema financeiro internacional. Ao fim desta Semana chegou-se a uma síntese: “Brasil economicamente justo, politicamente democrático, socialmente solidário e culturalmente plural”. Destaca-se como resultado desta 2ª SSB o nascimento do Grito dos Excluídos.


3ª Semana Social Brasileira - 1997 a 1999

Tema: Resgate das Dívidas Sociais – justiça e solidariedade na construção de uma sociedade democrática 

Esta 3ª Semana Social Brasileira foi sustentada em um ciclo de dois anos de mobilização. Assim,  incentivou um processo plural e participativo de reflexão e engajamento da sociedade em torno do resgate das dívidas sociais e da conquista de direitos, sobretudo dos excluídos e excluídas.  Motivados pelo processo da SSB grupos e comunidades realizaram  simpósios, tribunais e um plebiscito nacional sobre a Dívida Externa como continuidade. Neste período surge a Rede Jubileu Sul no Brasil, nas Américas, Ásia e África atuando na defesa de um mundo sem dívidas financeiras e sociais.


4ª Semana Social Brasileira – 2004 a 2006

Tema: Mutirão por um novo Brasil – Articulação das forças sociais para a construção do Brasil que nós queremos

A 4ª Semana teve como motivação juntar as forças vivas e ativas da sociedade, em vista de uma maior incidência política, maior visibilidade e maior impacto sobre a transformação social e na construção do Brasil que queremos.

Partiu-se do pressuposto de que o panorama da concentração da riqueza e da renda, das injustiças e desigualdades sociais, da violência institucionalizada, do desemprego estrutural e da exclusão social, entre tantos outros problemas, continuavam a fazer parte da realidade econômica, política, social e cultural do Brasil e do mundo. Daí a necessidade da reflexão e ação sobre esse quadro de uma situação que clama por justiça. Deste acúmulo, junto com as forças sociais que vinham da Campanha contra a ALCA, surge a Assembleia Popular.


5ª Semana Social Brasileira – 2011 a 2013

Tema: Um novo estado,  caminho para nova sociedade do Bem Viver

A 5ª Semana Social Brasileira, ao debater sobre o Estado para que e para quem, procurou dar vez e voz ao conjunto da sociedade, bem como dos povos e comunidades impactadas pelas políticas do Estado, em sintonia com os clamores das ruas e suas reivindicações. A reflexão reconheceu que estes são novos sujeitos políticos no processo de construção da sociedade e do Estado do Bem Viver, conviver, pertencer e ser. Assim como reconheceu que seus fundamentos são a solidariedade, a fraternidade e a sustentabilidade para garantir vida plena às gerações presentes e futuras.

Com as Semanas Sociais aprofundou-se a articulação e o intercâmbio entre as diversas pastorais sociais, movimentos e associações e outros setores da Igreja, o que tem levado a atividades comuns de mobilização e compromisso, fortalecendo assim uma ação mais orgânica e de conjunto.



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