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Lançamento do caderno “Conflitos no Campo Brasil 2024” foi realizado nesta quarta, na sede da CNBB

Geral

Apesar da pequena redução no número de conflitos, os dados de violência no campo ainda continuam alarmantes

Publicação: 24/04/2025


Mesa de abertura

Na última quarta-feira (23) foi lançada a 39ª edição do caderno “Conflitos no Campo Brasil” da Comissão Pastoral da Terra (CPT), retratando os dados ainda alarmantes O evento aconteceu na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. A atividade contou com a participação de organizações, representantes governamentais, pessoas afetadas pela violência no campo, e outros participantes. 


Durante a mística de abertura do lançamento, o Papa Francisco, que morreu na última segunda-feira (21), foi lembrado com a sua famosa frase, dita durante sua participação no primeiro encontro mundial dos Movimentos Populares, promovido pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz (Santa Sé), em colaboração com a Academia Pontifícia das Ciências Sociais: "Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá.”


Segundo dados apurados pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc), os conflitos no campo diminuíram cerca de 3%. No ano de 2023 foram registrados cerca de 2.250 casos de violência no campo, já em 2024 esse número caiu para 2.185. 

Maria Petronila, coordenadora nacional da CPT - Mística inicial

O Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, se fez presente no lançamento. “Foram 47 mortes por violências no campo em 2022, e esse ano são 13. Esse número não nos contenta. O único número que pode nos contentar é zero, quando nenhuma pessoa morrer por conflitos de terra no Brasil, e por isso há um intenso trabalho de mediação de conflitos, assim como um grande trabalho de reforma agrária”, disse.


Desde que a CPT começou a levantar dados sobre os conflitos no campo, o ano de 2023 é o que apresenta um número recorde de violências, e apesar da pequena porcentagem de queda no levantamento dos dados de 2024, o ano passado ainda apresenta o 2º maior número de conflitos.

Ministro Paulo Teixeira e Claudia Maria Dadico, Ouvidora Agrária do Ministério do Desenvolvimento Agrário

Além de mostrar números e dados alarmantes de conflitos, os participantes de acampamentos e territórios campesinos mostraram suas lutas e algumas estratégias que são definidas junto à CPT para evitarem tais violências.


Os maiores índices de violências, abusos e conflitos em terra, no ano de 2024, foram no estado do Maranhão, com cerca de 360 ocorrências registradas, seguido pelos estados do Pará, com 234 registros, Bahia, com 135, e Rondônia, com 119.


Já os números de conflitos pela água são maiores no estado do Pará, com 65 ocorrências, seguido pelo Maranhão, com 45, Minas Gerais, com 30, e Bahia, com 22. Os dados representam o 3º maior número em 5 anos, e comparados aos números de 2023, tiveram um aumento de 16%.


Mais um dado alarmante são os números de trabalhadores e trabalhadoras que ainda vivem em situação de escravidão. No ano de 2024 foram registrados 151 casos e mais de 1600 pessoas foram resgatadas. 

Izabel das Evas, participante e vítima da violência no campo

Comissão Pastoral da Terra


A Comissão Pastoral da Terra foi criada em junho de 1975, nos anos da ditadura militar. O nascimento da CPT foi uma resposta à grave situação vivida pelos trabalhadores e pelas trabalhadoras rurais, sobretudo em território amazônico, sendo explorados e exploradas em seu trabalho, expostos/as e submetidos/as a situações de trabalho escravo, e que eram obrigados a sair das terras em que habitavam. A CPT acredita na autonomia dos povos. São eles que definem os rumos a seguir, seus objetivos e metas, sendo protagonistas de suas próprias histórias


Acesse aqui o relatório completo da CPT


Com informações da CPT Nacional

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