Esta semana, o município de São Raimundo Nonato, situado no coração do Semiárido brasileiro, sedia o Encontro Estadual de Economia Popular Solidária (EPS). O evento, que acontece nos dias 29, 30 e 31 de outubro, reúne lideranças comunitárias, agricultores familiares, representantes de cooperativas e todos os grupos das Cáritas diocesanas do estado, com o objetivo de discutir e fortalecer alternativas econômicas sustentáveis e justas.
A programação inclui um momento marcante dedicado ao conceito e à trajetória política da EPS no Brasil, especialmente dentro da Cáritas Brasileira. Marcela Vieira, assessora da Cáritas Brasileira, compartilhou estatísticas reveladoras sobre os grupos de EPS, evidenciando os avanços e benefícios que esse modelo econômico promove. Segundo ela, esses benefícios vão além das questões financeiras, abrangendo melhorias nas relações sociais, na conservação da natureza e na construção de um novo modo de viver, centrado no bem viver.
Joãozinho Oliveira, assessor regional, também contribuiu para a discussão ao contextualizar a situação, as ações e as perspectivas da Economia Popular Solidária no estado. Ele enfatizou a trajetória dos grupos a partir dos Projetos Alternativos Comunitários (PACs), que serviram de base para o início das atividades de Economia Popular Solidária na região. “Essa trajetória deu origem a uma ação prioritária com a metodologia dos fundos solidários, que orienta os grupos e busca fortalecer e consolidar as ações de EPS em nível.
Um modelo de economia que prioriza a vida
A Economia Popular Solidária emerge como uma alternativa ao modelo econômico tradicional, frequentemente negligente em relação às necessidades das pessoas mais vulnerabilizadas. "A EPS é uma estratégia por uma economia que defende a vida, prioriza a dignidade humana e o bem-estar coletivo, e nos liberta da posição de oprimidos desencadeando micro revoluções do local para o global", afirma Marcela Vieira, reconhecida como referência em EPS na Cáritas Brasileira.
Experiências exitosas
Durante o encontro, os participantes compartilharam experiências bem-sucedidas de cooperativas, associações de produção e bancos comunitários. A Associação dos Produtores Agroecológicos do Semiárido Piauiense (APASPI), por exemplo, apresentou sua trajetória e detalhou como se tornou uma referência em certificação de produtos agroecológicos no país.
Jean Magalhães, assessor da cooperativa, detalhou que em 2024, a APASPI conta com 15 grupos de produção e 174 associados de agricultores e agricultoras familiares, que operam em quintais produtivos e sistemas agroflorestais. Para fortalecer os produtores, a APASPI tem investido no beneficiamento e na agregação de valor aos produtos, com objetivo de garantir uma renda digna para agricultores e agricultoras.
Esse momento de troca e diálogo trouxe conhecimento e motivação, animando os participantes e grupos presentes.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços destacados, os desafios ainda são significativos. "A falta de acesso a crédito e mercado representa obstáculos consideráveis, a falta de incentivo dos governos e ainda o pouco conhecimento e qualificação dos grupos", observa Hildebrando Pires, secretário regional da Cáritas Brasileira. No entanto, segundo o secretário, o encontro também revelou perspectivas promissoras, como o intercâmbio de experiências e conhecimentos, criando perspectivas para buscar políticas públicas que favoreçam a EPS.
Compromisso e solidariedade
O Encontro Estadual de EPS reafirmou o compromisso da Cáritas Regional com os grupos de EPS e a união com as Cáritas Diocesanas. O propósito de todos e todas é construir uma economia mais justa e igualitária. "Estamos aqui para fortalecer a rede de solidariedade e criar oportunidades para todos", destaca Hildebrando Pires.
Este encontro é uma celebração da resiliência e do potencial transformador da Economia Popular Solidária, que se configura como um farol de esperança em tempos desafiadores.