No último sábado (25), a Conferência Municipal Livre e Informada sobre Meio Ambiente de Porto Velho, Rondônia, reuniu mais de 75 participantes no Teatro Banzeiros para debater os desafios ambientais da região amazônica. A iniciativa promoveu reflexões sobre preservação da biodiversidade, impactos das mudanças climáticas e práticas sustentáveis, buscando estratégias de sensibilização e engajamento da sociedade. O encontro teve como objetivo a construção colaborativa de propostas para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, programada para maio deste ano.
A atividade foi organizada por diversas entidades, incluindo a Cáritas Brasileira – Articulação Noroeste, Kanindé, Teatro Banzeiros, GFEM, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimentos Atingidos por Barragens (MAB), Pastoral da Educação e a Arquidiocese de Porto Velho. O evento contou com a participação de representantes da sociedade civil, lideranças de comunidades tradicionais, movimentos sociais, acadêmicos e gestores públicos.
“A Conferência nos traz diversos elementos a partir da perspectiva de quem está atuando diretamente na defesa do meio ambiente e da natureza, e de quem está caminhando junto aos povos. É um espaço para trazer à tona a realidade dos impactos da crise climática sobre essas comunidades”, comenta Edilaine Guariniri de Oliveira, articuladora da Cáritas Brasileira.
Os debates foram organizados em quatro eixos temáticos fundamentais:
Eixo 1 - Mitigação: importância de ações concretas para reduzir emissões de gases de efeito estufa, proteger a Amazônia e fortalecer políticas públicas ambientais.
Eixo 2 - Adaptação e Preparação para Desastres: impactos das mudanças climáticas na região, como intensificação de enchentes e consequente vulnerabilização das comunidades ribeirinhas, indígenas e outros povos tradicionais.
Eixo 3 - Justiça Climática: o peso desproporcional da crise sobre populações vulnerabilizadas, como quilombolas, indígenas, catadoras e ribeirinhas, os quais têm pouca ou nenhuma responsabilidade pela crise climática, mas sofrem diretamente com seus impactos.
Eixo 4 - Governança e Educação Ambiental: apesar dos esforços locais e regionais, ainda faltam políticas públicas consistentes, maior engajamento governamental e investimentos em educação ambiental para preparar a sociedade para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
A conferência teve o apoio do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) e da Cáritas Brasileira, por meio do projeto Amazônia Bem Viver: Comunidades Resilientes, realizado em parceria com a Cáritas Alemanha, e financiado pelo Ministério Federal de Cooperação e Desenvolvimento Econômico do Governo Alemão (BMZ).
Conferência Livre de Lábrea também mobiliza debates ambientais
Na quarta-feira (22), foi a vez de Lábrea (AM) sediar sua Conferência Livre sobre Meio Ambiente, promovida por organizações da sociedade civil e pela Prelazia de Lábrea. O evento discutiu os desafios da região do Trans-Purus, território essencial para a preservação da Amazônia e do Brasil, abordando também os eixos temáticos debatidos em Porto Velho.
Dentre as propostas coletivamente elaboradas, estão a criação de um observatório do clima da região Trans-Purus (Eixo 1 - Mitigação) e declaração dos direitos da natureza da bacia do rio Purus, devido aos serviços ambientais que vem realizando historicamente para a Amazônia e o Brasil (Eixo 3 - Justiça Climática).
Participaram lideranças indígenas, ribeirinhas e outros povos tradicionais, além de diversas instituições não governamentais e governamentais como ICMBio e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA).
Rumo à 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente
As Conferências Livres de Porto Velho e Lábrea fazem parte da etapa preparatória para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, que ocorrerá de 06 a 09 de maio de 2025. Os encontros regionais são fundamentais para garantir um debate inclusivo e representativo na construção de políticas públicas ambientais eficazes.
Diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, os debates reafirmam a necessidade de um esforço coletivo para promover justiça climática e fortalecer o compromisso com a sustentabilidade na Amazônia. Seguimos juntos e juntas na luta por um futuro mais justo e sustentável para todos e todas!