Oficina de vídeo em uma comunidade quilombola do Semiárido Mineiro em setembro de 2022. Foto: Francielle Oliveira/Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais
COMUNICAÇÃO É DIREITO - Comunicar é um ato humano fundamental para a vida em sociedade. Desde que nós nos conhecemos como seres políticos, também nos conhecemos como seres comunicadores. As linguagens são ferramentas de movimento das ideias e das informações nas praças públicas. Da Antiguidade à internet, sem liberdade e direito à comunicação e produzir linguagens, não é possível expressar a diversidade das ideias e os pesos e contrapesos que nos trouxeram até este século.
Mas a comunicação como direito humano fundamental é uma discussão recente. As normativas e declarações que são bases da garantia a esse direito datam do século XX. A Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1948, em seu artigo XIX, introduziu que “todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão”. As décadas seguintes de debate e reflexão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) culminaram no relatório “Um Mundo e Muitas Vozes – Comunicação e Informação da Nossa Época”, dos anos 1970, que reconhece o termo comunicação (e não somente a liberdade de opinião e expressão) como um direito humano.
No Brasil, o artigo 5º da Constituição Cidadã de 1988 trata a liberdade comunicativa da “manifestação do pensamento, sendo vedado anonimato”, normatizando “a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença”, o “direito de resposta” e a inviolabilidade da “intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas”. No entanto, embora o direito à comunicação seja garantido a todos os cidadãos e cidadãs, o cenário prático nunca foi de democracia e de diversidade.
Tratada desde muito tempo como uma atividade industrial e comercial, a comunicação social no Brasil se concentrou em poucas vozes - nas das classes médias e altas, brancas, heteronormativas e machistas. Também se concentrou na visão cristã do mundo. Assim, as vozes negras, das pessoas LGBTQIAP+, das mulheres, dos mais pobres, das trabalhadoras e dos trabalhadores e de outras religiões (principalmente as de matriz africana) foram continuamente silenciadas pelas chamadas mídias de massa ou sofriam curadoria do primeiro grupo.
Essas outras vozes que continuamente são excluídas dos grandes orçamentos e das decisões dos centros produtores de comunicação mais abastados não deixaram de potencializar movimentos, ferramentas e mídias populares de criação. E é aí que está o grande centro de comunicação do nosso país - pois na verdade essas outras vozes são a maioria dos nossos povos.
A comunicação é uma das áreas estratégicas da Cáritas Brasileira e está presente desde a missão, de “testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo'', ao planejamento e marco referencial. É “defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social” que a Rede Cáritas escolhe seguir.
A comunicação popular é uma política da Rede, que é fortalecida desde que foi organizada, em 2005. Para Valquíria Lima, da coordenação colegiada da Cáritas Brasileira, “a comunicação popular é uma das estratégias da mobilização social na Cáritas. Nós a entendemos ativa e construída junto com os povos, comunidades, populações vulneráveis, com os quais a Cáritas convive, atua e trabalha. Não é possível fazer transformação social sem comunicação, então ela é a base da nossa mobilização social e cada vez mais nós entendemos o poder de transformação e de mobilização social que tem a comunicação popular.”
Ainda segundo Valquíria, essa comunicação tem como objetivo “dar visibilidade aos invisíveis e nos colocar junto aos invisíveis. Nos colocar juntos e juntas para a transformação dessa sociedade, na transformação dessa realidade. Acreditamos muito nessa ferramenta. Acreditamos muito nesse processo. Sem comunicação popular, não há transformação social. Para isso, a gente tem o grande desafio de fortalecer a comunicação popular internamente na Rede Cáritas e externamente, também apoiando as mídias alternativas e a comunicação produzida pelas comunidades, pelos grupos vulneráveis e pelas organizações que lutam por essa transformação.”
COMUNICAÇÃO E SOBERANIA COMUNICACIONAL NAS OFICINAS DA REDE CÁRITAS - Para fortalecer a comunicação através da estratégia de característica popular, durante os meses de setembro e outubro, iniciativas regionais e nacionais facilitaram e continuam facilitando espaços pelo direito à comunicação com comunidades e em rede.
Uma atividade assessorada em setembro pela Cáritas Brasileira foi uma oficina de audiovisual na comunidade quilombola de Buriti do Meio, município de São Francisco, Norte de Minas Gerais, entre os dias 09 e 10. Com um celular na mão e várias ideias na cabeça, adolescentes e jovens do território refletiram sobre enquadramento, planos, movimentos de câmera, captação de áudio, roteiro e outras técnicas, além de criarem seus próprios vídeos com o celular.

Geisse Moreira Santos, 19 anos, e Heber Marciel dos Santos Silva, 17 anos. Foto: Francielle Oliveira/Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais
“Foi muito importante aprender sobre enquadramento, iluminação e cenário, e observar o tempo para ver se não vai ventar e atrapalhar a qualidade do áudio”, pontuou Geisse Moreira Santos, 19 anos. “Eu acho que a produção de vídeo pode ajudar pessoas de outros lugares a conhecer a nossa comunidade e as nossas culturas”, completou.
Promovida pela Cáritas Diocesana de Januária, por meio do projeto Quilombo de Direitos, a oficina contou com apoio da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, que em 2021 já havia realizado uma atividade de fotografia popular e redes sociais no território, com o intuito de despertar o olhar das juventudes para o fortalecimento comunitário e a valorização da cultura quilombola.
“Acredito muito na Comunicação, nesse sentido, entendo que a fotografia e a produção audiovisual vão ajudar a fortalecer o projeto Quilombo de Direitos, na medida em que as crianças e adolescentes passam a produzir conteúdos para falar da comunidade, falar do projeto, falar de seu povo e de sua cultura. Não apenas falar, mas apresentar o Quilombo ao mundo, através do olhar da juventude”, declarou Meire Reis, agente da Cáritas Diocesana de Januária e coordenadora do projeto Quilombo de Direitos. “O Quilombo Buriti do Meio tem um potencial cultural muito grande, e a Cáritas Diocesana de Januária, através do projeto, tem buscado levar o quilombo para além de seu território, para que outras pessoas conheçam suas belezas e riquezas”, acrescentou.
Como produtos das oficinas de comunicação popular será realizada uma exposição fotográfica no município de São Francisco, em novembro, mês da Consciência Negra, para expor as fotografias que os adolescentes fizeram, além da produção de um boletim que contará a história do quilombo.
O projeto Quilombo de Direitos é realizado por meio de parceria com a Kindernothilfe (KNH), agência de cooperação para o desenvolvimento com enfoque na área de direitos humanos de crianças e adolescentes.
A oficina em Buriti do Meio nos revela que, com um celular na mão, basta um toque na tela para registrarmos o que queremos, no momento em que queremos - nossas ideias. Com a ajuda da internet e das mídias sociais, as informações, através das fotografias, dos vídeos e dos áudios podem se espalhar, possibilitando que pessoas fora do meio geográfico da qual o instante foi capturado possam acessar os diferentes conteúdos em realidades distintas. Em outras palavras, por meio dos produtos de comunicação, todo cidadão e cidadã é, em alguma instância, um comunicador ou comunicadora, podendo construir narrativas a partir das suas vivências, provocando a transformação social.
É a partir da mudança social que a comunicação popular se orienta, servindo como um instrumento que garante a participação direta da população. Ainda assim, possibilita o resgate da cidadania de todos e todas, estimulando que o povo analise as situações-problemas do cotidiano, enfrente-as e proponha ações concretas por meio do seu protagonismo. Isso é soberania comunicacional.
Outro exemplo prático dessa reflexão está sendo a oficina de fotografia “O olhar de quem viveu”. A ação foi iniciada entre os dias 14 e 15 de setembro em comunidades dos municípios de Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes e finalizada no dia 06 de outubro na cidade do Recife. Esses municípios integram a região metropolitana do estado de Pernambuco, região essa que foi fortemente afetada pelos efeitos da falta de políticas públicas de mitigação à ocorrência de fortes chuvas no primeiro semestre de 2022. Mais de 130 pessoas perderam a vida nas tragédias da região metropolitana.
Das atividades da oficina participaram cerca de 40 moradores das comunidades de Camaragibe, Jaboatão dos Guararapes e Recife, cujo objetivo é promover o fortalecimento sociopolítico e o empoderamento cidadão, realçando o bem viver coletivo e as vozes populares.
A fotografia foi utilizada como ferramenta do processo político. Os alunos conheceram, por meio das aulas teóricas e práticas, técnicas de fotometria, propriedade da luz, composição e direção de pessoas. Além disso, refletiram sobre a compreensão acerca dos direitos e deveres dos cidadãos, estimulando o olhar para o cotidiano e vivências coletivas de diversos aspectos e serviços ofertados pela administração pública, promovendo o senso crítico e cidadão.
A oficina “O Olhar de quem viveu” é uma atividade do projeto Resposta Emergencial Pernambuco: Recife, Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes, realizado pela Cáritas Brasileira, com o financiamento da Cáritas Bélgica, Cáritas Suíça e Direção-Geral da Proteção Civil e das Operações de Ajuda Humanitária da União Europeia (DG ECHO).
A Cáritas Brasileira, em conjunto com essas parcerias, através dessas ações, tem provocado mobilizações sociais, com intuito de relembrar os entes públicos e o povo dos seus papéis na sociedade. Assim, além de contribuir com o aprendizado da fotografia, a Cáritas tem incidido na luta pela garantia dos direitos das populações que foram afetadas pelas consequências dessas fortes chuvas.
Rafaela da Silva Santos, participante da oficina em Camaragibe, conta que gostou muito da oficina de fotografia. “Aprender a olhar além da imagem da foto, é algo significativo. O olhar da câmera e os nossos olhares fazem parte do que queremos mostrar nas postagens, Aprendi ampliar o olhar fotográfico. Todas as fotos que eu tirei, lembro sempre das técnicas ensinadas, como colocar o celular deitado, não tirar fotos com flash e limpar a lente da câmera.”
Helena Farias da Silva, também participante da oficina em Camaragibe revelou que ama fotografar! “Desde adolescente que fotografo. São momentos únicos que ficam registrados. São aqueles momentos que não voltam mais. São momentos com amigos, família, grupos da igreja, etc. Meu sonho sempre foi fazer um curso, para me aperfeiçoar, e houve essa oportunidade vinda de vocês. Foi um momento importante para mim, pois aprendi muitas coisas que eu não tinha nem noção do que era. Tirei várias dúvidas. Sabe o que eu não gostei? Foi a duração do curso. Eu achei que foi um momento muito rápido. Eu queria que tivesse tido mais dias. Mas agradeço o que eu aprendi”.
Em Jaboatão dos Guararapes, a educanda Geyziane Alanda contou que o curso de fotografia era algo que queria muito fazer - e conseguiu! “Graças à Cáritas, eu aprendi várias coisas no curso que eu não sabia, como os ângulos, posição da foto, iluminação e também sobre edição.”
“A oficina é muito importante para nós que queremos aprender; e nós aprendemos a ver com outros olhos, pelas fotografias, as situações e vulnerabilidades das pessoas, mesmo sabendo que sempre existiram. Estou disposto a fazer mais pelo próximo”, disse Luiz Carlos, outro educando da oficina em Jaboatão dos Guararapes.
No Recife, a integrante Ingrid Torre da Silva contou a sua experiência e agradeceu por ter participado da oficina. “Me sinto realizada pelo aprendizado que foi compartilhado. Estou encantada com a didática, os posicionamentos e as explicações apresentadas. Além de ter vivenciado uma dinâmica reflexiva e impactante para a minha vida.”
Para a participante Miriam Florencio da SIlva, a oficina foi de grande aprendizado, superando as suas expectativas, possibilitando a sua atuação na luta por cidadania. “A Oficina de fotografia foi uma bela experiência, superou minha expectativa. Conectar a fotografia à luta por direitos foi primordial para a minha realidade com o pós-chuva. Essa experiência precisa ser compartilhada em outros espaços. No meu entendimento, a fotografia pode e deve ser utilizada como ferramenta de denúncia, de reivindicações, de luta por um mundo melhor, por cidadania”, afirmou.
RODA DE CONVERSA SOBRE COMUNICAÇÃO - No Rio Grande do Sul, no último dia 16 de setembro, as comunidades quilombolas de Fortaleza dos Valos, Salto do Jacuí, Jacuizinho, Rincão dos Caixões, Lagoão, Rio Pardo e Arroio do Meio, e indígenas kanhgag (caingangue), de Lajeado, e guarani, de São Miguel das Missões e Santo ngelo, se reuniram no Centro Diocesano de Formação Pastoral de Cruz Alta.
Durante o dia de encontro muitas partilhas com conhecimentos, histórias de vida, saberes tradicionais e aprendizados sobre como fazer uma boa comunicação. O encontro foi organizado pela Cáritas RS, que vem atuando junto às comunidades em dois projetos: saneamento básico e segurança alimentar.
O evento trouxe em sua dinâmica a possibilidade de se expressar pela fala, pela música, pelo artesanato, por fotografias e pelas sementes crioulas, que são patrimônio da humanidade.
Representantes da etnia guarani cantaram, em guarani, a música “MBARAETE PY’AGUAXU” (do guarani: Força, Parente!). “Em todo o Brasil, o povo guarani canta essa música na luta e espiritualidade, porque, com essa música, a gente se sente forte”, disse Miguel Timóteo, da aldeia Koenju, de São Miguel das Missões.
Outro destaque foi a apresentação de Luiz Alan Retanh, representante da aldeia Foxá (Cedro X Canjarana, junção de duas árvores), de Lajeado. Ele apresentou uma canção com o título “Luta”, que diz que com Tupé (Deus) tudo vai muito bem.
No contexto atual das Fake News (desinformação, notícias falsas, mentiras, fatos fictícios, trotes), a roda de conversa tratou dos perigos do mau uso da Internet, com pedofilia, golpes, ameaças, invasão de privacidade e uso indevido de dados, incluindo imagens. Ao mesmo tempo, o grupo reconheceu a importância da comunicação (e da Internet) na política, na saúde, na educação, para se informar, para manter as redes de família, trabalho, e conhecer direitos e deveres.
A Roda de Conversa sobre Comunicação foi realizada dentro das ações do projeto "Resiliência em Tempos Desafiantes: ajuda humanitária para migrantes, indígenas e quilombolas", realizado em parceria com a Cáritas Brasileira e apoio da Cáritas Francesa (Secours Catholique) e do projeto "Prática de Incidência Política: Alimentando vidas por direitos", realizado com apoio da Cáritas Alemanha e Misereor. Você pode conferir o texto completo, com mais depoimentos, fotos e momentos sobre essa roda de conversa neste link.
ATIVIDADES DE COMUNICAÇÃO NA REDE CÁRITAS SEGUEM EM OUTUBRO - Nos dias 06 e 07 de outubro, a rede de comunicadores da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais se reuniu em um encontro presencial na cidade de Mário Campos, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A atividade reuniu comunicadores populares da rede Cáritas mineira e de organizações e articulações parceiras.
O Encontro da Rede de Comunicadores da Cáritas Minas Gerais tem como objetivo fortalecer a articulação em rede da comunicação, bem como instrumentalizar os comunicadores populares nos trabalhos comunicacionais nas entidades-membro, em especial, nas produções de imagens por meio da fotografia e nos conteúdos para as redes sociais. A atividade foi um momento de encontro presencial de trocas de experiências e de consolidação dos vínculos entre os participantes da rede, que vem se reunindo e produzindo coletivamente de forma virtual.
PROJETO DE FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE COMUNICAÇÃO - A Cáritas Brasileira, no segundo semestre de 2022, também está fortalecendo as atividades em conjunto com o Comitê Nacional de Comunicação e a Rede de Comunicadores e Comunicadoras, através da retomada das reuniões periódicas e mensais com os dois núcleos. As últimas reuniões fortaleceram a produção de um caminho referencial para o processo de atualização da Política Nacional de Comunicação, que começa como próxima etapa das atividades.
A Cáritas implantou sua política de comunicação inspirada e instigada pela importância que a Comunicação tomou no I Congresso Nacional da Cáritas, realizado em 1999, em Fortaleza (CE). Foi a partir daí que a Comunicação se estruturou, tomando um rumo mais estratégico a partir dos anos 2000.
O texto da atual política resgata a trajetória de sua construção há quase duas décadas. “Em 2001, iniciou-se a construção da política nacional de comunicação, a partir da organização de uma oficina nacional em Brasília, quando foi formado um núcleo de comunicação com representantes do Secretariado Nacional e dos Regionais”. O processo durou até 2004, “quando foi realizado o Primeiro Seminário Nacional de Comunicação em Brasília, com a participação de vários comunicadores da Rede Cáritas”. (...) “Do Seminário, saiu a definição dos principais elementos para compor o documento da política”, publicada em 2005. A Política de Comunicação Nacional tem como objetivo orientar ações em torno da comunicação para toda a rede Cáritas, e não só para os comunicadores e comunicadoras.
Em 2012, a Cáritas iniciou um processo de atualização da política de comunicação e, 15 anos depois de ser publicada, a Rede retoma esse processo a partir dos Pré-encontros de Comunicação realizados entre 31 de outubro e 01 de novembro de 2020. Esses pré-encontros tiveram a presença de representantes dos secretariados regionais e articulações, referências das entidades membro, voluntários e voluntárias, e das equipe de comunicação nacionais e regionais durante a pandemia da Covid-19, de forma virtual, para preparar a Rede para um Encontro Nacional de Comunicação e para o processo de atualização da política nacional.
Durante os pré-encontros, ficou evidente a força da comunicação popular como destaque da ação em rede. A comunicação popular para a mobilização social já era apontada na Política Nacional como caminho a se seguir, mas é possível ver na nuvem de palavras montada na oportunidade como a rede imprimiu muito mais importância a essa estratégia:

Outro ponto importante da nossa comunicação é o contexto na qual é desenvolvida. Como organismo da Igreja Católica, a Cáritas possui ação baseada na pastoralidade transformadora. É a igreja “em saída”, que está com o povo, construindo processos junto com as bases.
A atualização da Política é essencial para convergir a ação de comunicação que está nas atuais práticas da rede e que também se inspira nas mais atuais encíclicas papais. Desta forma, essa revisão é prevista como atividade do Projeto de “Formação e Comunicação: agentes para incidência em resposta à crise socioambiental”, apoiado por Misereor.
Valquíria Lima, que também é coordenadora do projeto, aponta que, na Cáritas, “toda a ação de incidência, de mobilização social, de transformação da situação, das vulnerabilidades das populações, necessariamente passa pelo fortalecimento da comunicação popular. Então, a comunicação popular tem um papel transformador tanto para dentro da instituição Cáritas como para toda a sociedade, como para as relações que a gente estabelece nas redes, nos fóruns, nas articulações que a gente participa dentro do conjunto da Igreja, junto às pastorais sociais.”
E, olhando para a conjuntura do tempo em que vivemos, completa que “é importante assumir a bandeira da comunicação popular junto com a bandeira da democracia. E nós queremos e atuamos nesse sentido das transformações sociais de uma sociedade mais inclusiva, mais democrática e que seja para todas e todos, sem distinção de credo, cor, orientação sexual, religião, sem nenhum preconceito e sem nenhuma exclusão.”
*Texto realizado pela assessoria nacional de comunicação com contribuições das assessorias regionais de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul.