Desde novembro de 2024, a rede Cáritas tem intensificado suas ações em resposta aos crescentes desafios impostos pelas crises socioclimáticas no Rio Grande do Sul. Nesse contexto de engajamento contínuo, a organização lançou o projeto "Cáritas nas Emergências: Comunidades Mobilizadas no Enfrentamento às Mudanças Climáticas – RS". A iniciativa visa auxiliar as populações em situação de vulnerabilidade social em Canoas e Cruzeiro do Sul, duas cidades que foram severamente afetadas pelas inundações de maio de 2024.
Localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre, Canoas representa o cenário urbano, enquanto Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, ocupa o ambiente rural. A aproximação e o reconhecimento mútuo desstas duas realidadesé um dos objetivos do projeto, que vai se estender até meados de outubro de 2025.
Embora, as cidades tenham características tão distintas, as consequências dos impactos da emergência socioambiental são semelhantes. “A presença da Cáritas em Cruzeiro do Sul e em Canoas através deste projeto pretende contribuir com a mobilização das pessoas e das comunidades atingidas pelas enchentes para que, unidas, possam ter melhores condições humanas e materiais de luta para o enfrentamento dos desafios causados pelos problemas climáticos”, explica Jacira Teresinha Dias Ruiz, secretária regional da Cáritas RS, que também foi atingida pela emergência climática.
Reunião na Câmara de Vereadores de Cruzeiro do Sul (RS) com lideranças locais
Em fevereiro deste ano, educadores/as populares e assistentes sociais estiveram nas cidades para apresentar as ações previstas e ouvir relatos de lideranças comunitárias e representantes de entidades, organizações, pastorais sociais e de espaços governamentais do município sobre a situação atual.
O projeto "Cáritas nas Emergências" é estruturado em três linhas principais de atuação: primeiro, atender as necessidades básicas das famílias afetadas pelas enchentes, apoiando sua recuperação imediata; segundo, acompanhar essas famílias e comunidades na busca por bem-estar e autonomia, incentivando a participação em atividades comunitárias e iniciativas locais; e terceiro, contribuir para que as pessoas e as comunidades participem da reflexão e discussão sobre como garantir o acesso às políticas públicas, principalmente na proteção e prevenção de riscos de desastres. 
“Nossa compreensão é que as políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de vida, moradia, proteção social, saneamento, proteção ambiental, entre outras, são fundamentais para a resiliência das pessoas frente aos recorrentes fenômenos climáticos”, observa Jacira Ruiz.
Neste momento, a Cáritas está desenvolvendo a primeira etapa do projeto, que envolve o mapeamento detalhado de Canoas e Cruzeiro do Sul, focando em áreas como saúde, moradia, educação, alimentação, trabalho e acesso a direitos e políticas públicas.
Ampliando a perspectiva sobre as ações e o impacto do projeto, Márcio Lima, Assessor Nacional da Cáritas Brasileira, reforça a visão de longo prazo da rede Cáritas: “A Cáritas não está aqui apenas para responder à crise imediata no momento das emergências, mas para ajudar a construir comunidades mais seguras, organizadas e lutando pelos seus direitos. É essencial que fortaleçamos as parcerias a partir das redes locais de apoio e promovendo a formação sobre a incidência política, mudanças climáticas, meio ambiente, gestão de risco e emergências, garantindo a participação e o protagonismo das comunidades nas tomadas de decisão e no acesso às políticas públicas", afirma.
O projeto “Cáritas nas Emergências” é apoiado pela Arquidiocese de Boston, Cáritas Alemanha, Cáritas Chile, Cáritas Espanha, Cáritas Internacional, Cáritas Japão, Catholic Relief Services (CRS) e Excellerate Energy.