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Cáritas Brasileira participa do VI Fórum Regional da Mulher, em Porto Rico

Igreja

Nos dias 29 e 30 de maio, a atividade refletiu sobre a inclusão feminina na pastoral e na teologia, e o papel das mulheres na sinodalidade.

Publicação: 01/06/2023



Nos dias 29 e 30 de maio, a Cáritas Brasileira celebrou o "VI Fórum Regional da Mulher", evento prévio ao “XX Congresso Latino-Americano e Caribenho da Cáritas", realizado em Porto Rico, que acontece de 31 de maio a 04 de junho. 


Os organismos pastorais se reuniram para ouvir, discernir e promover a equidade entre mulheres e homens na Rede Cáritas, a qual tem ampla trajetória e experiência no trabalho com mulheres, enfrentando os problemas estruturais e estruturantes da questão da equidade de gênero e outros desafios que surgem a cada dia.


“Os fóruns que acontecem sempre antes dos congressos latino-americanos e das assembleias da Cáritas Internacional reforçam a necessidade de a Rede Cáritas no mundo construir relações igualitárias de gênero, articulam as mulheres, possibilitam que elas se encontrem e reafirmem as suas necessidades, e fazem com que elas sejam protagonistas da transformação necessária para a construção da verdadeira sinodalidade assumida pela Igreja, para caminharmos juntas e juntos com relações igualitárias entre mulheres e homens”, explica Valquíria Lima, Coordenadora Nacional da Cáritas Brasileira, presente ao evento. 


Nesse sentido, o VI Fórum Regional da Mulher orienta que os países construam ações afirmativas para que a equidade de gênero realmente aconteça. “Isso significa combater todas as formas de violência e desigualdade, e possibilitar que as mulheres estejam nos espaços de decisão dentro da nossa própria Rede Cáritas, sendo que, para isso, é necessário formação e investimento”, reforça Valquíria. “No Brasil, neste momento, além do diagnóstico sobre as relações de gênero, estamos dando passos significativos para a construção da nossa Política de Equidade de Gênero”.




Além de olhar para a necessidade de potencializar o protagonismo e organização das mulheres, a Cáritas Brasileira tem a preocupação de incluir os homens no debate das relações de gênero, e de se trabalhar com os temas da masculinidade tóxica e da desconstrução da cultura misógina e patriarcal, que perpetua as desigualdades entre homens e mulheres. 


“Nisso precisamos avançar no Brasil, mas estamos dando passos significativos, pois a construção da nossa política de gênero, apontando toda essa dimensão e afirmando todas essas necessidades, nos fortalece e nos potencializa enquanto Rede Cáritas Brasileira”, conclui Valquíria.


Processo histórico


A assessora nacional da Cáritas Brasileira, Cristina dos Anjos, relatou que durante o IV Fórum foram realizados momentos de reflexão sobre o processo histórico do trabalho com as mulheres na Rede nos últimos 20 anos. Em sua fala, ela reforçou a importância da discussão das questões de gênero de forma a envolver os homens nesse processo de busca por equidade. Além disso, mencionou a perspectiva de diálogo e construção sinodal na Igreja.



“O IV Fórum acontece em um momento em que a gente celebra 20 anos de caminhada na região, nessa articulação e ação em torno do tema da mulher, da participação da mulher na Rede Cáritas e na Igreja, e em que a Igreja Católica, mundialmente, está se preparando para um Sínodo, no qual a temática também tem se destacado”, relata Cristina. “Nesse sentido, a Cáritas na América Latina e Caribe entende que é preciso tomar para si essa escuta e reflexão, buscando perceber, valorizar e abrir novos espaços de participação  das mulheres na caminhada da Cáritas no continente”. 


Ainda em sua fala, Cristina sublinha que, na Cáritas Brasileira, historicamente, as mulheres têm sido fundamentais na construção e sustentação da caminhada da instituição, as quais são maioria nas diferentes instâncias e áreas de atuação, especialmente nos espaços locais.


“Neste momento sinodal é muito importante explicitar, valorizar e celebrar essa caminhada, com suas dores, alegrias e esperanças, enfrentando os desafios ainda existentes para a real integração das mulheres”, disse. “Para as mulheres da Cáritas, um grande ‘Bravo’! Por tudo que são e fazem! E um convite para seguirmos construindo a Cáritas e a Igreja que queremos e acreditamos!”.


Além de Cristina dos Anjos e Valquíria Lima, Márcia Ponce, secretária-executiva da Cáritas Brasileira Regional Paraná, também faz parte da delegação brasileira participante no evento.




A Rede Cáritas celebra as conquistas alcançadas e reconhece os desafios que ainda estão pela frente. Juntos e juntas, é possível construir  ações pastorais para enfrentar melhor os problemas da desigualdade de gênero nas comunidades e grupos comunitários em que tem atuação.


Tudo isso está em alinhamento com a missão de fomentar, a partir do contexto de cada país e à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, o processo de transformação da realidade dos povos da América. Com o protagonismo das mulheres empobrecidas e excluídas, busca-se construir, em harmonia com a criação, uma sociedade justa, fraterna e solidária, sinal do Reino de Deus. 


Contribuição da Rede Cáritas para o avanço da liderança feminina


Martha Rubiano Skretteberg, Diretora Geral da Cáritas Noruega e Coordenadora do Comitê Feminino da Cáritas Internacional, destacou a importância da decisão política do Papa Francisco de incluir as mulheres nas tomadas de decisão na Igreja, buscando envolvê-las nos espaços de tomada de decisão. 


Algo que tem fundamento teológico, embora não tenha sido assim historicamente, com estruturas que limitam esse papel. Para Martha Skretterberg, “não é uma questão de números, mas de ter as mesmas oportunidades”, para o que é necessária uma nova cultura, que leve homens e mulheres a trabalharem juntos, e que a educação crie essa igualdade desde a infância.


Junto a isso, destacou que a desigualdade leva à injustiça social, ressaltando que as estatísticas mostram que a maioria dos mais pobres são mulheres. A construção da paz é um espaço no qual as mulheres têm desempenhado um papel fundamental, tendo como exemplo o processo de paz na Colômbia, país onde nasceu e cresceu. Finalmente, estimulou a hierarquia da Igreja a envolver as mulheres na tomada de decisões, algo que também deve ser promovido na liderança política dos diferentes governos.


Além da participação efetiva das mulheres na Igreja, as participantes do VI Fórum Regional da Mulher ainda discutiram o enfrentamento da violência contra as mulheres, a promoção da saúde física e mental feminina, a divisão justa do trabalho doméstico e a invisibilidade da economia do cuidado. 


Para saber mais, leia a matéria publicada pelo Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam).


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