COLABORE

As vozes que ecoam depois do 8 de março

Projetos

Projeto Orinoco, da rede Cáritas Brasileira, provoca ações em todo mês de março no Acre, Pará, Piauí, Rondônia e Roraima.

Publicação: 15/03/2022


* Texto da Assessoria, com a colaboração da comunicação da rede Cáritas: Aníbal Brasil, Cristiane Machado e Emmily Melo

A última semana foi marcada por atividades em todo país em referência ao Dia Internacional das Mulheres. O período provoca a sociedade com reflexões relacionadas à temática de gênero e as estruturas sociais que precisam ser rompidas no enfrentamento a diferentes tipos de violências e desigualdades entre mulheres e homens. 

O projeto Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras, inserido nas atividades desenvolvidas pela rede Cáritas, realizou uma série de momentos relacionados à data  com mulheres migrantes nos cinco estados em que está presente: Acre, Pará, Piauí, Rondônia e Roraima.

A ideia é estimular que as participantes se reconheçam como sujeitas de direitos para impulsionar outras mulheres. O projeto conta com o suporte financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.


Em Boa Vista (RR), uma intervenção visual com depoimentos de mulheres trans reforçou que todas as mulheres, independente da identidade de gênero, têm direito à proteção de sua vida, integridade física, liberdade e honra. (Foto: Emmily Melo / Cáritas Brasileira)


Saiba mais sobre as atividades que aconteceram em Roraima


A ampla diversidade de atividades, voltadas às mulheres migrantes, em ocupações espontâneas  e em situação de rua, promoveu reflexões sobre direitos sociais e desigualdade de gênero, sobretudo sobre seus papéis sociais na luta pela equidade de gênero. Elis Marques, coordenadora na área de proteção do projeto, caracteriza o dia como um momento “de relembrar nosso papel social para que possamos abrir novas portas e participar do processo de emancipação de todas nós”. É um desafio diário, que convoca todas e todas a participar desse processo de transformação social tão necessário. 

Para além da data, é importante reconhecer histórias e trajetórias de mulheres para que possamos romper com as estruturas de desigualdades. “É importante contar a história das mulheres, dar visibilidade a essa resistência, dar visibilidade à ressignificação que as mulheres fazem sobre as suas condições de vulnerabilidade.”, diz Valquiria Lima, da coordenação colegiada da Cáritas Brasileira, em mensagem institucional divulgada no dia 08. 


Mulheres e água

Para esse ano, a Cáritas Brasileira trabalhou o tema “Unidas na diversidade: Mulheres são como águas, crescem quando se juntam”, cujo objetivo é mostrar que, a partir de ações individuais , é possível potencializar transformações sociais em prol da coletividade. Mulheres quando se juntam, transformam as suas realidades e de todas ao seu redor..

No âmbito do projeto Orinoco, a ação  se desdobra em outro momento importante referenciado neste mês : o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. Para essa data, as ações realizadas no Dia das Mulheres, reverberam histórias das mulheres migrantes, que contam suas travessias pelas águas, na construção e fortalecimento de comunidades, além de exaltar conexões.


Norsy Ruiz, venezuelana que vive em Rio Branco, durante o momento de registro de histórias. (Foto: Aníbal Brasil / Cáritas Articulação Noroeste)

Saiba mais sobre as atividades que aconteceram no Acre

“Meu processo de migração foi muito difícil, sofri violências psicológicas, incluindo xenofobia ao longo do caminho que trilhei. Assim que decidimos mudar de país e migrar para o Brasil viemos com muita esperança. Ao atravessar o Rio Acre sentimos um alívio e, apesar das incertezas, uma alegria grande em sermos tão bem acolhidos e orientados.”, relata Norsy Ruiz, que vive no estado do Acre.Em uma ação coordenada, no dia 22 de março, uma exposição com fotos e histórias irá circular nas cidades de Boa Vista (Roraima), Rio Branco (Acre), Porto Velho (Rondônia), Teresina (Piauí), localidades em que o Orinoco está presente. O registro das exposições também estará disponível virtualmente, nas redes sociais da Cáritas Brasileira.


Roda de conversa com as mulheres Warao, nas margens do Rio Poti, em Teresina. (Cristiane Machado/ Cáritas Arquidiocesana de Teresina) 


Saiba mais sobre as atividades que aconteceram no Piauí


A relação com a água é uma temática central na exposição. Aira Maria, de 19 anos, indígena Warao que vive no Piauí, conta sobre a importância da água na vida dela e de sua família. Aira vivia nas proximidades de um curso de água doce, em Punta Pescador. Às margens do rio Orinoco, ela e sua família viviam da pesca. Disse que sente falta de tudo que o rio lhe oferecia, da vida que levava antes da crise econômica do país. O rio era a principal fonte de alimentação para ela e sua família, então traz boas lembranças de banhos, pescas e outras coisas a mais. 

O projeto Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras desenvolve ações de WASH, promovendo acesso à água, saneamento e higiene. Além disso, o projeto atua com a promoção dos direitos sociais no Brasil, mediando o acesso à regularização migratória, a serviços de saúde, educação e assistência social, e ainda no acompanhamento de casos graves de violação de direitos. .


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