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Águas que Atravessam Fronteiras: dignidade e acesso ao bem comum de direito

Projetos

Segunda fase do projeto Orinoco já ofertou 1,5 milhão de litros de água tratada para migrantes em situação de rua em Roraima

Publicação: 05/05/2021



“Antes eu bebia a água que a gente recebia, a água que ficava no tanque. Mas graças à Cáritas, agora consigo beber água filtrada”, contou a migrante venezuelana Senovia Mercedes Contreras, de 65 anos. Ela é uma das mais de três mil pessoas que vivem em situação de rua em Roraima - conforme dados atualizados da Organização Internacional de Migrações (OIM) - e que contam com ações como a do projeto “Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras” para ter acesso à água potável. 

Mercedes vive em uma ocupação espontânea na cidade de Boa Vista. O local onde mora foi um dos espaços em que o Orinoco, ainda no mês de janeiro deste ano, instalou bebedouros com filtro.

As ocupações espontâneas são locais que possuem estruturas improvisadas. Garantir melhorias são ações efetivas de promover dignidade para as famílias que residem nesses espaços. “Nossa responsabilidade e missão é fazer com que eles se sintam acolhidos, e que mesmo que por pouco tempo, ali eles possam se sentir bem, seguros, queridos e cuidados”, afirmou Raphael Macieira, coordenador do projeto.

Além de promover melhorias nas ocupações espontâneas, o projeto conta com locais estruturados com banheiros, duchas, lavanderias e bebedouros. Na capital roraimense são três instalações e em Pacaraima, cidade que faz fronteira com a Venezuela, uma. 


Acesso à água e ao saneamento básico é um direito humano

Desde que reabriu as instalações sanitárias para a segunda fase das atividades, em novembro passado, Orinoco já ofertou 1,5 milhão de litros de água tratada para migrantes e refugiados venezuelanos em situação de rua em Roraima. 

O Manual Esfera, que apresenta uma abordagem dos princípios da qualidade e da responsabilidade em respostas humanitárias, estipula que cada pessoa use 15 litros de água por dia, no mínimo. Desta forma, a equipe MEAL, do projeto Orinoco, monitora todos os meses a quantidade de água usada nas instalações e ocupações espontâneas, através da projeção de uso de 25 litros de água por pessoal, número maior que o sugerido pelo Manual Esfera.

“Com os dados da água utilizada é possível estabelecer uma proporção de uso de água por cada pessoa. Na primeira fase, Orinoco conseguiu garantir 33 litros de água por pessoa, por dia, na utilização das instalações”, informou Wellthon Leal, assessor de monitoramento do projeto Orinoco.

Além de garantir que esse recurso tão importante chegue de forma segura à população em situação de extrema vulnerabilidade, uma parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR) permite investigar os critérios de potabilidade estabelecidos na portaria de consolidação nº 05/2017, do Ministério da Saúde. 


"A determinação da qualidade da água consumida pelas comunidades atendidas pelo Projeto Orinoco é essencial para a certeza da segurança no consumo e pela garantia de saúde advinda da água potável”, explicou o professor doutor Marcos Vital do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais (PRONAT), da UFRR. 

Vital ainda contou que para a classificação da água consumida pelas comunidades integrantes do Projeto Orinoco são analisados 14 parâmetros, entre eles o nível de oxigênio dissolvido, ph e presença de bactérias.

Mensalmente, agentes Cáritas fazem a coleta da água ofertada, tanto para consumo quanto uso comum, das quatro instalações sanitárias do projeto, localizadas nas cidades de Boa Vista e Pacaraima, e encaminham para parecer técnico. Os resultados são compartilhados pela instituição e, assim, certificam que a água ofertada pelo projeto seja própria para o consumo humano.


Dia Mundial de Higienização das Mãos

Além das ações que promovem o acesso à água e saneamento, o projeto também atua na promoção de higiene, por meio do desenvolvimento de atividades educativas com as famílias beneficiárias, nas instalações e ocupações espontâneas, de Boa Vista e Pacaraima.  

Educar para que a população siga práticas como higienizar as mãos de forma correta, por exemplo, é uma ação estratégica para o projeto. “Uma ação tão simples como lavar as mãos com água e sabão pode, inclusive, salvar vidas. Principalmente no contexto de pandemia que estamos vivenciando, pois a transmissão do novo coronavírus pode ser evitada realizando essa ação”, explica Jimena Herrera, coordenadora WASH.

As atividades educativas do Orinoco seguem uma dinâmica criativa e lúdica para sensibilizar as pessoas sobre a importância da higiene para o cuidado com a saúde. A próxima oficina do projeto está prevista para o dia 5 de maio, Dia Mundial de Higienização das Mãos. Em meio ao contexto de pandemia do novo coronavírus, o projeto vai realizar uma atividade voltada a essa importante estratégia de prevenção às doenças virais.   

“Para o dia 5 de maio, os educadores do projeto apresentarão uma peça teatral na instalação localizada na igreja Nossa Senhora da Consolata, junto com várias atividades de promoção de higiene para incentivar a importante prática de lavar as mãos.” conta Jimena. 


Sobre o Projeto 

O Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras é uma iniciativa da rede Cáritas e conta com apoio financeiro do Escritório de Assistência Humanitária da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (BHA/USAID).

Desde 2019, o projeto Orinoco, com foco em ação de WASH, promove a migrantes e refugiados venezuelanos, em situação de rua, acesso à água, saneamento e higiene em Boa Vista e Pacaraima, cidades do estado de Roraima. 



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