Por Joelma Viana e Jéssica Santos
O que esperar de um futuro incerto? Essa é apenas umas das preocupações de Migrantes e refugiados no Brasil e no mundo. São inúmeros os motivos que levam milhares de pessoas a deixarem seus países em busca de oportunidades em outros lugares. No entanto, na maioria das vezes as guerras internas ou externas causadas por conflitos políticos são as principais causas de uma fuga pela sobrevivência de famílias inteiras.
Um dos pontos que merece destaque nesse processo de recomeço está relacionado a diferença no que se refere as expressões: migrante e refugiado. O entendimento dessas expressões é fundamental para que os países acolhedores possam direcionar as ações de abrigamento nos estados e, consequentemente, o combate a xenofobia.
Segundo Thamirys Lunardi, assessora da Cáritas Nacional, migração e refúgio são fenômenos diferentes de mobilidade internacional. “A migração é caracterizada pela voluntariedade, ou seja, a pessoa escolhe se vai deixar seu país de origem em busca de um outro contexto. Já as pessoas refugiadas, são forçadas a deixarem seu país de origem e buscarem proteção internacional”, salientou Thamirys. Ela destacou ainda, que as comunidades internacionais têm formas próprias para atuar no acolhimento em seus respectivos países e estados., salientou Thamires. Ela destacou ainda, que as comunidades internacionais têm formas próprias para atuar no acolhimento em seus respectivos países e estados.
No Brasil, atualmente as capitais Boa Vista (RR), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Porto Velho (RO), Recife (PE) e São Paulo (SP) com o apoio da Cáritas, por meio do Projeto Europana, desenvolvem um trabalho primordial no acolhimento de migrantes e refugiados. O trabalho com migrantes tem o apoio do Papa Francisco que desde o início de seu pontificado vem manifestando preocupação quanto o acolhimento de migrantes e refugiados em todo mundo.
Dom Mário Antônio, Bispo de Roraima e presidente da Cáritas brasileira, comentou que “O Papa Francisco tem sido o homem do acolhimento, desde 2018 o pontífice vem nas mensagens para o dia da migração, aconselhar que devemos agir, acolhendo, protegendo, promovendo e integrando, migrantes e refugiados que são nossos irmãos e irmãs entre nós. Por isso, o Papa Francisco não apenas se preocupa, mas dá testemunho na sua fala, nos seus inscritos, nas suas ações de como acolher o ser humano. O Papa Francisco nos recorda que é necessário não esquecer da hospitalidade, que é fonte de graças para quem acolhe e para quem é acolhido, declarou”
Outra questão enfatizada por Dom Mário refere-se as dificuldades e desafios enfrentados pela Igreja Católica junto as mais diversas comunidades, associações e organizações. “A igreja reconhece que migrar é um direito, mas ao mesmo tempo reconhece as dificuldades e desafios no contexto das migrações. As ações da Igreja são sempre desenvolvidas em favor do acolhimento, da proteção, e também da integração de imigrantes e refugiados na sociedade brasileira. É claro que no fluxo migratório de regiões, sobretudo aqui na Amazônia, muitos que chegam até o Brasil, são pessoas que chegam necessitadas de tudo. Então, a Igreja tem oferecido essa acolhida nos seus limites para resgatar a dignidade de vida”, completou o presidente da Cáritas brasileira e Bispo de Roraima.
Esse compromisso da Igreja com migrantes e refugiados vem desde 1914, quando foi instituído um dia para rezar por eles e sensibilizar as pessoas para que compreendam e acolham os que deixam seus países em busca de melhores oportunidades.
Na ocasião, também é divulgada uma mensagem para que os cristãos possam refletir suas ações e se dispor a acolher. “Forçados, como Jesus Cristo, a fugir”, foi o tema de 2020, encorajando os cristãos e cristãs a “acolher, proteger, promover e integrar”.
Na opinião de dom Mário, o Papa Francisco não se acanha em motivar os cristãos e cristãs para que se aproximem dos migrantes e refugiados com ternura, altruísmo e gratuidade. “não podemos tratá-los como números de uma estatística, mas como pessoas na sua dignidade, como irmãos e irmãs de nossa família, de nossa pátria, para assim sem nenhum interesse servir a cada um deles em todas as suas necessidades”, afirmou.
Além disso, é importante que o contexto da migração gere fraternidade e solidariedade, pois mais do que nunca a migração é uma realidade, e como tal, uma oportunidade para viver o evangelho “amando uns aos outros como Jesus nos amou”.
Alexandra Macedo, venezuelana do estado de Mérida, morando desde 2018 em Roraima, considera importante a mensagem do Papa Francisco, e ressaltou a preocupação do pontífice com a pandemia que gerou situações de marginalização e abandono em todo o mundo. Para ela é preciso acolher a exemplo de Jesus que lavou os pés de seus discípulos.
A pandemia deixou os migrantes e refugiados mais vulneráveis, e a acolhida e proteção implicam em prontidão e boa vontade para articular o atendimento à saúde e, se necessário, atendimento médico. Porém, esse acolhimento deve acontecer em ambientes seguros e saudáveis, com moradia digna, projetos de renda, livres da violência e da exploração. “Migrar é um direito, somos todos migrantes!”.
O Europana
O Europana é uma iniciativa que tem como objetivo dar suporte às pessoas migrantes e refugiadas que estão em situação de vulnerabilidade social, em especial, à população venezuelana no Brasil e em outros cinco países da América Latina. O programa é financiado pela União Europeia, fruto do consórcio liderado pela Cáritas Luxemburgo, compartilhado com a Cáritas Alemã, além da Cáritas Suíça e com as partes executoras nos países, como a Cáritas Brasileira.
Pana é uma palavra de origem venezuelana, que significa amigo. A expressão é muito utilizada por migrantes desse país, especialmente, pelos indígenas da etnia Warao.