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Na semana nacional de luta indígena, conheça a comunidade Tarau Parú que acolhe migrantes

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A comunidade indígena, localizada em Pacaraima, abriga mais de 600 indígenas vindos da Venezuela

Publicação: 20/04/2021


Por Emmily Melo




Ao lado da casa recém construída na terra indígena de seu povo, em solo brasileiro, a migrante venezuelana Bassi Rodrigues, de 65 anos, consegue avistar o caminho que a leva de volta para sua comunidade Taurepang-Pemon, do outro lado da fronteira. 


Há dois anos, o percurso feito a pé em duas horas e meia é a forma encontrada por Bassi para visitar sua família a cada três semanas.


Na região do Alto São Marcos, município de Pacaraima, estado de Roraima, a comunidade indígena Tarau Parú acolhe, desde 2019, integrantes do seu povo Taurepang-Pemon que deixaram o território venezuelano para refúgio no Brasil.


"Eu vim para ficar 15 dias e já estou há dois anos. Eu não vou mais regressar. Lá na Venezuela já não serve. Muita escassez. Uma vida precária", contou Bassi.


O líder indígena da comunidade, Tuxaua Aldino, classifica a migração como um ‘refúgio'. O país vizinho ao Brasil enfrenta uma grave crise social, política e econômica, ocasionando queda na capacidade de investimento e de compra no país e a queda na capacidade do estado em atender à população.


“Nós concentramos eles na comunidade pensando que era uma concentração a curto prazo, de dois a três meses. Mas, nós tivemos uma conclusão de que nossos povos Taurepang da Venezuela estão se refugiando, como outros que tiveram que atravessar a fronteira”, relatou Aldino.


Hoje, a comunidade abriga mais de 600 indígenas venezuelanos que dividem a rotina com brasileiros e brasileiras. O Tuxaua Aldino destaca que, apesar da nacionalidade diferente, todos são parte de comunidades originárias.


“Temos dois grupos: índios brasileiros e índios venezuelanos. Mas é um índio só. Um índio com um costume, com uma tradição. Nossos costumes e nossas tradições são os mesmos”, pontuou a liderança.


A comunidade, que fica na fronteira do Brasil com a Venezuela, recebeu o nome Tarau Parú, que em português significa ‘fonte da pedra branca’, diante da paisagem da região.


Tarau Parú recebe ação da rede Cáritas




A Cáritas Brasileira tem uma atuação histórica junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social. É parte da missão institucional acolher e promover transformações sociais, a partir da construção solidária da sociedade do Bem Viver. 


Nesta segunda-feira (19), dia nacional da luta indígena, equipe do "Projeto Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras" realizou distribuição de kits de limpeza, promoção de higiene e rodas de conversa destacando os cinco momentos da lavagem de mãos.


Desde 2019, Orinoco promove a migrantes e refugiados venezuelanos, em situação de rua, acesso à água, saneamento e higiene, nas cidades de Boa Vista e Pacaraima. 


Agora, seguindo com o apoio financeiro do Escritório de Assistência Humanitária da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (BHA/USAID), o projeto da rede Cáritas vai garantir ações de melhorias de higiene e sanitária na comunidade indígena localizada na fronteira do Brasil com a Venezuela.


*Todos os registros foram realizados respeitando as medidas de prevenção ao coronavírus e mantendo o distanciamento necessário por parte de nossos agentes 


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