Quantos livros escritos por pessoas negras você já leu?
Quantos autores e autoras negras você conhece?
O mercado das editoras e da literatura brasileira é muito
racista. Escritores e poetas pretos lutam todos os dias para conseguir viver da
sua arte e das suas palavras, assim como muitos brancos facilmente conseguem.
Manoela Ramos, escritora e viajante, nos conta: “É um
mercado fechado e restrito, onde você tem que se provar muito, autenticar muito
a sua história até você conseguir atrair uma editora que queira te publicar sem
exigir nenhum investimento financeiro e que seja só margem de lucro ou de
retorno.”
Devido principalmente a dificuldade de acesso à literatura
nas periferias, nosso convidado Marcel Alves, escritor, acredita que alguns
jovens acabam se sabotando e, às vezes, nem tentando seguir essa carreira.
O escritor, poeta, slammer Mc e produtor cultural, Cleyton
Mendes, conta sua experiência: “Meu contato com esse mercado foi por meio de
mim mesmo, de cara e coragem, de pegar os meus livros e pesquisar como publicar
um livro, porque eu não tenho editora, não tenho patrocínio, não tenho ninguém,
então não posso esperar uma editora vir e me descobrir, eu tenho que levar meus
livros pra rua.”
Lucas de Matos, comunicador e poeta reforça: “Primeiro de
tudo, você não precisa ter um livro publicado pra ser um escritor. Nem sempre a
gente tem essa verba pra custear isso, ou então ficamos dependendo de editais,
então publicar ainda é uma coisa muito difícil” e acrescenta “A partir do
momento que eu, enquanto homem preto, consigo acessar o espaço de ser poeta, de
fazer saraus, de colocar a minha cara preta na mídia, também já é uma forma
grande de lutar contra o racismo.”
O educador, escritor e artista independente Akins Kintê
conclui que nosso processo de busca de identidade e cura é fortalecedor quando
estamos juntos: “Eu trabalho com arte e educação. Sou professor, educador,
então, eu percebo como a partir disso a gente consegue trazer várias ideias da
identidade negra, da identidade de quem mora na favela, várias ideias que a
gente consegue ser um fortalecimento nesse processo de cura.”
Racismo. Ou você combate, ou você faz parte. Qual dos dois é
você?