Por: Tainá Aragão - Comunicação Cáritas Brasileira
Em tempos de crise as ações humanitárias ganham outros recortes e desafios, uma dos maiores preocupações da Cáritas é continuar as ações sem comprometer a saúde de agentes que estão na base e, tampouco, de beneficiários\as que já se encontram em situação de risco, diante do Covid-19. Uma das respostas ao atual contexto é promover trabalhos que priorizam os cuidados básicos com segurança e proteção, apontados no Plano de Contingência da Cáritas Brasileira.
Seguindo todas as orientações recomendadas, o projeto Orinoco: Águas que atravessam fronteiras, da Cáritas Brasileira e Cáritas Diocesana de Roraima, apoiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID/OFDA), está desenvolvendo Ações que continuam entregando respostas eficazes às necessidades de pessoas migrantes e refugiadas em situação de rua. Entre as atividades estão: a recente instalação de placas solares nas instalações do projeto e a inauguração de um serviço gratuito de lavanderia delivery.
Energia Renovável - Na última semana foram instaladas 72 placas solares em duas unidades do projeto Orinoco, no Centro de Formação em Pacaraima, cidade fronteiriça e porta de entrada da migração venezuelana para o Brasil e na Igreja Nossa Senhora da Consolata, localizada na Capital de Roraima, Boa Vista. Os espaços abrigam as instalações do projeto Orinoco que oferece água potável, banheiros e serviço de lavanderia, de forma gratuita a migrantes que se encontram em situação de rua nessas duas cidades.
Neste momento, as instalações do Orinoco estão fechadas em respeito às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), de que é preciso manter o distanciamento social e não promover aglomerações de pessoas, as placas instaladas vão possibilitar a sustentabilidade energética das instalações, assim que voltarem ao funcionamento. A potência dos sistemas solares é de 11,88kWp (quilo watt pico) e a capacidade média de geração de energia é de 1317 kW/k por mês, ou seja, chega a 4,9 horas de energia gerada por dia.
“A importância desse tipo de tecnologia é gerar energia sustentável, a partir de um território que possui incidência solar satisfatória ao longo de todo o ano, o que o torna apto a atingir seu potencial máximo. Além disso, em um contexto de crise humanitária em que todas as demandas são latentes, ter um sistema autossustentável econômica e ambientalmente é fundamental para que as instalações permaneçam atendendo com excelência a população em situação de rua”. Explicou Nara Barreto, assessora local para emergências.
Lavanderia Gratuita - Um dos objetivos do projeto Orinoco é garantir que pessoas em situação de rua, em Roraima, principalmente migrantes e refugiados, tenham acesso à higiene de forma integral. Por isso, o projeto original previa a instalação de uma lavanderia gratuita dentro das instalações, contudo, com a obrigatoriedade do fechamento dos espaços, o serviço ficaria inacessível.
Pensando nisso, a equipe local desenvolveu uma estratégia segura para garantir que esse serviço ficasse disponível, mesmo durante o período de pandemia, na qual a atenção e cuidados com a higiene devem ser redobrados, como explica Raphael Macieira, coordenador de Wash do projeto.
“Nós abrimos nossa lavanderia em Boa Vista no sistema delivery para os migrantes que estão em situação de rua, mas que devido a pandemia estão fixos em barracas de camping na estrutura da Operação Acolhida, por trás da rodoviária. O serviço tá sendo muito importante nesse contexto de Covid-19 porque garantimos com a lavagem das roupas com sabão e a secagem a 70º, a morte de micro-organismos patogênicos”, completa o assessor.
Diariamente, a lavanderia com sistema completamente industrial de lavagem e secagem, atende aproximadamente 25 famílias, com volume em torno de 65 kg de roupa lavadas por dia. O Sistema é feito a partir da contribuição da equipe do Projeto e uma rede de voluntários que coletam as roupas com os beneficiários, fazem o registro, levam pra lavanderia e após um dia, realizam a entrega. A proposta inicial, durante a quarentena, é atender cerca 450 pessoas que estão em barracas nas proximidades da Operação Acolhida, em Boa Vista. O serviço pode ser ampliado conforme a demanda e a capacidade logística.
Para a venezuelana Roxelis Suaréz, o serviço é de extrema importância para os migrantes que se encontram em situação de rua e por isso, não encontram lugares adequados para lavar as roupas. “ Penso que é um serviço muito bom, porque o acesso a água é complicado e também não temos espaços para estender as roupas. O serviço é muito completo”, diz.