Alguns fotógrafos dizem que é necessário ter boas lentes e uma excelente câmera fotográfica para se fazer fotografias.  Mas será que isso é verdade isso? Será que o resultado do ato de fotografar não estaria muito mais relacionado a outros aspectos?

Foi a partir dessa reflexão que agentes Cáritas planejaram a realização de uma oficina de fotografia pelo celular, voltada às comunidades atingidas pelos efeitos das fortes chuvas em Pernambuco, que ocorreram no primeiro semestre deste ano na região.  

Assim, nas manhãs desta quarta e quinta-feira, 14 e 15 de setembro, as comunidades de Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes, cidades da região metropolitana de Pernambuco, participaram da atividade “O olhar de quem viveu”. Na oportunidade, os participantes provaram que o equipamento não faz o fotógrafo e nem tão uma boa fotografia, pois a foto é antes de tudo o olhar de cada um.

As oficinas foram realizadas em diferentes locais e também com públicos distintos.  Nas paróquias Sagrado Coração de Jesus, situada no bairro de Vila da Fábrica, em Camaragibe, e na Paróquia de Santo Amaro, situada no centro da cidade de Jaboatão dos Guararapes. 

Com o objetivo de promover o fortalecimento sociopolítico e o empoderamento cidadão, realçando o bem viver coletivo, utilizando a fotografia como ferramenta desse processo, os participantes conheceram, por meio das aulas teóricas e práticas, técnicas de fotometria, propriedade da luz, composição e direção de pessoas. 

Ainda assim, despertaram para a compreensão acerca dos direitos e deveres dos cidadãos, estimulando o olhar para o cotidiano e vivências coletivas de diversos aspectos e serviços ofertados pela administração pública, promovendo o senso crítico e cidadão.

Para Geyziane Alanda, participante da oficina, o espaço foi de grande aprendizado. "No meu caso, o curso de fotografia era algo que eu queria muito fazer e consegui, graças à Cáritas. Eu aprendi várias coisas no curso que eu não sabia, como os ângulos, posição da foto, iluminação e também sobre edição”, apontou.

O telefone celular é uma ferramenta potente e indicada para várias situações. Atualmente, há modelos que têm várias funções para capturar imagens de qualidades altíssimas,  incorporando câmeras fotográficas mais elaboradas e gerando arquivos de qualidade semelhante às câmeras profissionais. Além disso, permite que cada sujeito seja protagonista da sua narrativa, ou melhor, da sua vida. 

Com o celular em mãos, as pessoas podem fotografar, editar e compartilhar as suas ideias. 

Para Luiz Carlos, participante da ação, a oficina possibilitará o compartilhamento do aprendizado, ainda assim, permitirá um retorno para a sociedade através da sua incidência política. “A oficina é muito importante para nós que queremos aprender; e nós aprendemos a ver com outros olhos, pelas fotografias, as situações e vulnerabilidades das pessoas, mesmo sabendo que sempre existiram. Estou disposto a fazer mais pelo próximo. De antemão, agradeço a todos”, disse.

A oficina “O Olhar de quem viveu” é uma atividade do projeto Resposta Emergencial Pernambuco: Recife, Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes, realizado pela Cáritas Brasileira, com o financiamento da Cáritas Bélgica, Cáritas Suíça e Direção-Geral da Proteção Civil e das Operações de Ajuda Humanitária da União Europeia (DG ECHO). 

A Cáritas Brasileira, em conjunto com esses parceiros, através dessas ações, tem provocado mobilizações sociais, com intuito de relembrar os entes e povo, os papéis na sociedade. Assim, além de contribuir com o aprendizado da fotografia, a Cáritas tem incidido na luta pela garantia dos direitos das populações que foram afetadas pelas consequências das fortes chuvas que aconteceram no estado.